De acordo com estudos internacionais o álcool é a quarta droga mais nociva à saúde física e mental, influenciando sobremaneira nos indicadores de violência. No RS, ao assumir a SSP, ficou ainda mais claro para mim a relação dessa droga com os acidentes de trânsito, homicídios, lesões corporais, vandalismos e agressões à mulher. Nas delegacias gaúchas, cerca de 40% dos inquéritos policiais decorrem da ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, o que corresponde a mais de 650 mil inquéritos. No Brasil, relembro que a indústria do álcool é responsável por 3% do PIB, porém seu custo social já atinge 7% deste mesmo índice! Para reflexão.
A constatação nos fez alertar da importância do “controle social do álcool”. Por isso, foi conclamado aos prefeitos – detentores desse poder de controle em suas comunidades – a adotarem a restrição ao comércio de bebidas alcoólicas, principalmente a partir da meia-noite e, muito mais, aos finais de semana, períodos em que ocorrem os excessos. Hoje globalizada, nossa sociedade tem no álcool um dos maiores causadores de problemas, como bem afirmam especialistas no tema, como o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos e o psicólogo norte-americano Ken Winters. “A droga do álcool”, consumida de maneira descontrolada, traz tragédias e desgraças, e assola nossas famílias. Para tanto, confiram as ocorrências nos pronto-socorros, hospitais, delegacias de polícia e necrotérios, com destaque para os registros nos feriadões. E, depois, aparecem os reflexos na Previdência.
Na conscientização desse malefício, tivemos como avanços a restrição às bebidas alcoólicas em alguns municípios gaúchos, a proibição da venda nos estádios de futebol – por lei estadual, e agora, também, a vedação nas estradas federais, e a tolerância zero aos condutores de veículos, medida esta que, sem dúvida, irá alterar comportamentos, condutas e hábitos culturais. As estatísticas colhidas nos últimos dias já mostram que, desde o início de nossa cruzada “antiálcool”, se estava no caminho certo.
Embora tarde, o Brasil ingressa na era de uma legislação existente nos países com normas mais avançadas na relação “álcool x direção”. A tolerância zero de álcool ao volante somente será eficaz com a eficiente fiscalização do cumprimento da lei por nossas polícias ostensivas. Pelo Estado, será mediante a intensificação da operação permanente, denominada “Lei Seca”, que agora irá ocorrer a qualquer dia e hora.
O cerco ao álcool, no entanto, não pode parar por aí. Temos que avançar ainda mais! Por exemplo, a efetiva proibição do comércio às margens das rodovias estaduais e a restringir naqueles dias e horários de maior concentração do consumo de bebidas alcoólicas. Isto contribuirá, sim, na queda sensível de indicadores de criminalidade e, com certeza, trará uma melhor qualidade de vida para nossa população.
José Francisco Mallmann