terça-feira, janeiro 11, 2011

LEI SECA - FISCALIZAÇÃO DEFICIENTE

Fiscalização deficiente - Editorial Zero Hora, 10/01/2011


Os dados sobre flagrantes por embriaguez no trânsito do Estado são assustadores, mesmo que certamente não reflitam a realidade nas ruas e estradas. Conforme a Brigada Militar, a Polícia Rodoviária Federal e a EPTC, 4.083 motoristas foram autuados no ano passado por dirigirem alcoo-lizados. O número representa um aumento de 19% em relação a 2009, mas não leva em conta autuações em cidades do Interior. O que está evidente nessa estatística é o expressivo contraste das infrações registradas nas estradas em confronto com as das ruas da Capital, o que denuncia claramente uma fiscalização deficiente em Porto Alegre.



Pelas estatísticas da EPTC, as autuações por embriaguez cresceram 60,2% na Capital em 2010 em relação a 2009. O percentual majestoso camufla um número absoluto minguado. Foram apenas 157 os autuados no ano passado. Nas estradas federais, 2.338 pessoas foram flagradas dirigindo sob o efeito de álcool. Como apontam especialistas, a discrepância, que pode envolver outros fatores, certamente deve ser creditada em boa parte à escassa presença de barreiras nas ruas da Capital.



Outra constatação denuncia a timidez dos números gaúchos, incluindo flagrantes em estradas e em Porto Alegre, se comparados às estatísticas do Rio de Janeiro, onde, entre março de 2009 e dezembro último, 51.232 motoristas foram autuados por embriaguez. A diferença é grandiosa. As autoridades de trânsito do Rio Grande do Sul poderiam espelhar-se em exemplos como o dos cariocas, para os quais as barreiras policiais estão incorporadas ao cotidiano da cidade. Tanto que, em março de 2009, dos cariocas abordados, 12% se recusavam a fazer o teste do bafômetro. Hoje, apenas 1,4% se recusa.



A fiscalização rigorosa contribui para a cultura do bom senso e salva vidas. É o que falta ao Estado, onde a Lei Seca, em vigor desde 2008, foi lançada com estardalhaço e depois desprezada. A presença ostensiva de policiais em ruas e estradas, desde que munidos de bafômetros, inibiria o que se presencia diariamente, quando especialmente os jovens dirigem embriagados. Os gaúchos esperam que as próximas estatísticas estejam mais próximas da vida real. A Lei Seca foi uma iniciativa louvável sob todos os aspectos. Ignorar seus objetivos é contribuir para a deseducação e a imprudência, além de configurar omissão grave.

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