sexta-feira, outubro 28, 2011

Tragédia na Bento escancara fragilidade na fiscalização

Pelotas, sexta-feira, 28 de outubro de 2011, 17h32min
Foto: Mônica Jorge - Especial DP

Veículos envolvidos em acidente fatal estariam em alta velocidade
Por: Michele Ferreira
michele@diariopopular.com.br

 
Os argumentos dos órgãos públicos para a falta de fiscalização sobre os rachas são os mesmos. Há anos. Nesta segunda-feira (25), diante da repercussão de mais uma tragédia registrada no prolongamento da avenida Bento Gonçalves - na madrugada de domingo -, Brigada Militar (BM), Secretaria de Segurança, Transportes e Trânsito (SSTT) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) voltaram a defender a importância de ações integradas que, aliás, deveriam ser rotina. O déficit no efetivo, para desencadearem operações isoladas, desponta como vilão. Qualquer afirmativa de que o episódio, trágico, surpreende, soaria como deboche. A prática de desafiar a vida é velha conhecida da comunidade. Endereço, dia e hora são batidos.

O titular da SSTT, Flávio Gastaud, admite que a falta de pessoal prejudica o trabalho preventivo. Atualmente o quadro é composto por apenas 53 agentes de trânsito para cobrir toda a zona urbana de Pelotas. Das 47 vagas abertas no concurso público, apenas 18 serão preenchidas; foram os únicos aprovados. “Já ocorreram blitze ali no prolongamento e eles fogem pelos lados. Podem acabar provocando outros acidentes”, pondera. Para a ação se desenvolver de forma efetiva, os agentes precisariam atuar sincronizados com BM e PRF. “Precisaríamos fechar todas as cercanias, mas o prolongamento da Bento não é o único local”, justifica-se.

Avenidas Duque de Caxias (Fragata), José Maria da Fontoura (Laranjal), Domingos de Almeida (Areal) e Fernando Osório (Três Vendas) transformam-se em palco aos pegas. As ruas Professor Araújo e Santos Dumont também costumam virar pista, principalmente, aos motoqueiros.

Alternativas
A instalação de lombadas eletrônicas não está descartada. Em outras circunstâncias, todavia, a medida de controle da velocidade emperrou no processo licitatório. A instalação de câmeras está entre as hipóteses, mas não há qualquer previsão de data para fazer a teoria virar prática. O radar móvel, que só em agosto resultou em 37 multas por dia por excesso de velocidade em Pelotas, também poderia se transformar em ferramenta de inibição.

A palavra da Brigada Militar
O comandante da 2ª Companhia da BM, capitão Daniel Silva, voltou a sustentar que não falta fiscalização no local. As operações diárias não são simples - reitera. As abordagens precisam ocorrer de maneira planejada. Técnica. Segundo ele, não se pode fomentar a correria e causar acidentes ao invés de evitar.
 
O que diz a PRF?

O efetivo reduzido impede a implementação de ações periódicas de fiscalização, nos moldes da realizada em conjunto com a SSTT e a BM em 2010 - afirma o inspetor-chefe da 7ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Mário Zanini. O patrulhamento preventivo ocorre basicamente motivado por denúncias que, em geral, apontam ao mesmo lugar: a avenida Presidente João Goulart, no caminho ao Centro de Eventos Fenadoce.

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