quinta-feira, maio 10, 2012

FLANELINHAS DESCUMPREM REGRAS



                                 DESCONTROLE. Flanelinhas descumprem as regras. 
Passados seis meses, jalecos e tíquetes ainda são ignorados por guardadores 
em Porto Alegre - ÁLISSON COELHO, ZERO HORA 07/05/2012 

Prestes a completar seis meses de vigência, as regras que orientam o trabalho dos 
guardadores de veículos legalizados em Porto Alegre caíram no esquecimento. Por
falta de regulamentação e, consequentemente, de fiscalização, flanelinhas 
deixaram de dar aos motoristas os tíquetes que os identificam e de usar o uniforme
completo. 

O jaleco das associações de guardadores é o único item que ainda é respeitado na 
lista de mandamentos do bom flanelinha. Em três pontos-chave para estacionar na 
Capital visitados por Zero Hora na tarde de quinta-feira passada – Usina do 
Gasômetro, Parque da Redenção e Avenida Erico Verissimo –, somente um 
flanelinha tinha os tíquetes para entregar aos motoristas. Nenhum dos 
trabalhadores, nos três locais, mantinha o uniforme completo.Outra determinação,
de manter a higiene – ter a barba feita, por exemplo –, não foi cumprida. 

As novas normas definem ainda que o guardador pode ser punido se cometer 
infrações como achacar um condutor ou causar danos a veículos. Até hoje,somente
um flanelinha, que trabalhava na área do Theatro São Pedro, no Centro Histórico,
foi autuado e assinou termo circunstanciado, por estar com o crachá danificado. 
O Sindicato dos Guardadores de Automóveis de Porto Alegre (Sgapa) informou que
orienta os guardadores a cumprir as determinações. No entanto, reconhece que 
muitas vezes não é ouvido.

– Tem alguns que às vezes chegam aqui e não recolhem o tíquete ou não dão aos 
motoristas. Antes de sair, eles dizem que vão fazer. Quando chegam ali fora, 
fazem tudo errado – afirmou o presidente da entidade, Airton Vargas Corrêa.

O cumprimento das regras depende da fiscalização. Compete à Brigada Militar(BM)
coibir crimes cometidos pelos flanelinhas e tirar de circulação os que exercem a 
profissão irregularmente, mas não há um responsável por zelar pelo bom 
comportamento dos guardadores.

– Na esfera municipal, não existe um órgão que trate dessas questões que não são 
crimes e necessitam de uma medida administrativa – explicou o chefe da Seção de
Operações do Comando de Policiamento da Capital (CPC), major Eduardo Biacchi.

Tramita na Câmara de Vereadores um projeto de lei que regulamenta o código de 
conduta dos guardadores de veículos. De autoria do vereador Airto Ferronato
(PSB),
o texto determina que a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio 
(Smic) fiscalize o setor. Segundo o parlamentar, o projeto deve ser votado em
 breve. 

Locais visitados

PARQUE DA REDENÇÃO - Maior problema: guardador não tinha tíquete. 
A desculpa: o sindicato não fornece mais tíquetes 

AV. ERICO VERISSIMO - Maior problema: guardador não tinha tíquete. 
A desculpa: como trabalharia só meio turno, não levou o talão 

USINA DO GASÔMETRO - Maior problema: falta do uniforme. 
A desculpa: deixou para lavar 

ALGUMAS REGRAS - A contribuição pelo trabalho do guardador é espontânea.
É obrigatória a entrega do tíquete ao motorista. 
Deve portar crachá de identificação em dia e carteira profissional. 

Reincidência é desafio em Novo Hamburgo

Proibida desde dezembro do ano passado, a atuação dos flanelinhas é combatida 
pela Guarda Municipal de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Nesse período,foram
108 pessoas abordadas e levadas para a Delegacia de Polícia. A maioria dos casos,
no entanto, é de reincidentes, flanelinhas pegos nas ruas que voltam a cobrar dos 
motoristas.

De acordo com o secretário executivo do Gabinete de Gestão Integrada de 
Segurança Pública, Marcos José da Silva, não chegam a 30 os flanelinhas que atuam
na cidade, e muitos deles pararam de exercer a atividade após a proibição. Outros
tantos seguem pelas ruas, mas o que mudou foi a forma de agir. Os guardadores de 
carros passaram a cobrar durante a noite, e em pontos distintos dos anteriores à lei.

– Tivemos uma grande evolução nesse período, muitos deixaram as ruas. Estamos 
tendo também o apoio dos moradores, que denunciam – afirma Silva.

Todos os guardadores de carros detidos têm a opção de participar de programas 
sociais da prefeitura. O que se constatou, no entanto, é que a maioria dos 
flanelinhas não deseja sair das ruas, o que leva ao alto número de casos de 
reincidência.

– A maioria pega dinheiro para o consumo de drogas. Outra coisa que notamos é 
que muitos têm várias passagens pela polícia – diz o secretário. 

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