terça-feira, março 05, 2013

Soluções para o trânsito: transporte público gratuito, a loucura que já existe


Juan Lourenço

por 
em 04/03/2013 às 12:30 | DebatesMundoPdH Shots

“O espaço necessário para transportar o mesmo número de pessoas de carro, de ônibus e de bicicleta”. Gritante diferença


(fonte: Mobilize Brasil)

Se o engarrafamento e a poluição gerada pelos carros são problemas cada vez maiores e mais graves, podemos não nos orgulhar de ainda não haver uma conclusão para tais.
As soluções  vão desde o uso de minicarros até o resgate de práticas como se locomover a pé, de bicicleta e, é claro, utilizando o transporte público.

Transporte público é a solução

Metrô (nas poucas cidades brasileiras que o tem, é verdade) e ônibus emitem uma quantidade extremamente reduzida de poluentes por passageiro se comparado aos veículos e ocupam um espaço muito menor, reduzindo fortemente o trânsito. A imagem acima, uma comparação feita pela prefeitura de Münster, na Alemanha, deixa clara a diferença.
Sem entrarmos na discussão sobre carros híbridos e elétricos no Brasil, fica ainda mais fácil afirmar que é papel do governo pensar na coletividade e no futuro, por isso gastar ou deixar de receber uma verba com o propósito de melhorar a qualidade de vida da população não deve ser motivo de surpresa, é apenas o estado cumprindo seu dever.

E se o transporte fosse gratuito?

Hoje, em todo o Brasil, o transporte público é cobrado dos passageiros, seja ele administrado pelo próprio governo ou por empresa privada licitada. E se passasse a ser gratuito? Certamente muitas pessoas veriam com melhores olhos essa opção e deixariam seus carros na garagem (talvez optem por sequer ter um), afinal, é custo zero para ir de um lugar ao outro.
Para o governo, caberia custear toda essa estrutura. Sim, serão milhões investidos, mas com as ruas mais vazias e o céu mais limpo, a qualidade de vida aumentará indiscutivelmente. Será que não é motivo suficiente para justificar o investimento?
Sim, investimento, esqueça agora a palavra “gasto”.

Como seria esse tal “investimento”

É certo também que, além de tornar gratuito, o transporte público precisará de investimentos pesados já que, mesmo com a demanda atual, são poucas as cidades que podem se orgulhar de linhas de ônibus bem organizadas, com boa frequência de carros e, além disso, confortáveis, seguros e limpos, o que se agravaria então com o aumento na demanda que se espera com essa iniciativa.
Pense na cidade de São Paulo e seu trânsito caótico. São quase que incontáveis os carros geralmente apenas com o motorista dentro travando as ruas. Substitua cada 75 deles por um ônibus, ou até 190 com um ônibus biarticulado. Milagrosamente a cidade começa a fluir com tranquilidade.
Talvez a gratuidade não seja a única forma de chegar a esse resultado, a simples melhora no transporte público já ajudaria, mas una os dois e tenha o melhor dos mundos.

O melhor dos mundos já existe

Não, não acho que isso será feito em São Paulo, ao menos não no primeiro momento. É provável que cidades pequenas comecem a aplicar essa ideia que tem se mostrado factível na Europa. Tallin, capital da Estônia, já é a primeira capital do velho continente a tornar o transporte público gratuito
Não estamos falando de uma cidadezinha tão pequena assim, já que ela tem lá seus 420 mil habitantes.
Neste ano, a cidade estima uma redução de 12,4 milhões de Euros no orçamento, cerca de 30 dinheiros europeus por pessoa.
Isso num país cujo salário médio é de 855 Euros, ou seja, mal comparando, é como se o governo brasileiro gastasse R$ 47 por pessoa para transformar o transporte público em gratuito ao ano!

Então vamos aplicar!

Desafio então os senhores prefeitos a fazerem as contas. De um lado, menos arrecadação comIPVA, impostos sobre combustíveis e sobre o próprio bilhete das passagens, e de outro mais veículos no transporte público, melhor conservação, e tudo de graça.
A conta não fecha? Não, até você inserir na equação uma cidade que consegue fluir, com pessoas mais satisfeitas, produtivas e saudáveis.
Mesmo sem precisar ser financeiramente vantajoso, vou ajudá-lo, senhor prefeito, a ver que os gastos com saúde vão diminuir enquanto a arrecadação de impostos vai aumentar na medida em que as pessoas se tornarem mais produtivas em seus empregos, mais consumidoras de serviço ao poderem se deslocar sem ficarem presas no trânsito, mais cultas e com melhores ideias de negócios ao poderem visitar museus, teatros, cinemas, bibliotecas, exposições, ou mesmo podendo estudar em melhores colégios que fiquem mais distantes.

Quem sabe sua cidade possa ser tão orgulhosa quanto a pequena Tallinn, Estônia
Enfim, talvez seu prefeito não esteja lendo este artigo. Talvez você precise mostrar pra ele, ou ao seu vereador, ou reunir pessoas e assinaturas para requisitar a gratuidade e melhoria do transporte público.
Que tal hoje? Que tal agora?

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