Opinião Estado de S.Paulo - 16/05/2012
pelo Ministério da Saúde. Foram em média 117 mortes por dia. Um aumento de
13,9% em relação a 2009, quando os acidentes deixaram 37.594 vítimas. Foi batido
o recorde de 1996, quando 40.610 pessoas perderam a vida no trânsito. De lá para
cá, houve algumas melhorias devidas a políticas públicas de segurança viária.
Mas elas foram tímidas e duraram pouco. E a falta de rigor na fiscalização
estimulou a imprudência e a confiança na impunidade.
A entrada em vigor do Código de Trânsito Brasileiro, em 1998, trouxe alguns bons
A entrada em vigor do Código de Trânsito Brasileiro, em 1998, trouxe alguns bons
resultados, infelizmente passageiros. A legislação foi apontada como uma das mais
avançadas do mundo por reunir normas rígidas, multas pesadas, apreensão da
carteira de habilitação dos infratores e até prisão. Radares eletrônicos se
multiplicaram nas ruas e julgou-se, erradamente, ter aumentado a preocupação dos
motoristas com os riscos do excesso de velocidade. Por dois anos consecutivos
houve redução do número de mortes. Mas entre 2000 e 2008, o total de vítimas
voltou a crescer e só foi freado pela chegada da Lei Seca, em 2009, quando uma
redução de 2% foi conquistada, graças às blitze que flagravam motoristas
embriagados e os levavam às delegacias. O ânimo da fiscalização, porém, durou
pouco e com ele as esperanças despertadas pela lei.
Os dados de 2010 - os de 2011 estão sendo consolidados - indicam que o maior
Os dados de 2010 - os de 2011 estão sendo consolidados - indicam que o maior
aumento de acidentes foi registrado entre os ocupantes de motocicletas.
Entre 2009 e 2010 aumentou em 16,7% o número de mortes de motociclistas e
garupas, que chegou a 10.825.
Conforme o Mapa da Violência no Brasil, elaborado pelo Instituto Sangari, em
cada três desastres com mortes registrados pelo Denatran, em 2010, um envolveu
motociclista. Isso torna o Brasil o segundo país do mundo em número de vítimas
de acidentes com motos. São 7,1 óbitos para cada 100 mil habitantes, taxa que,
nos últimos 15 anos, cresceu mais de 800%. A letalidade de um acidente é
14 vezes maior para o motociclista do que para ocupantes de automóveis.
Em dez anos, entre 1998 e 2008, o total de motociclistas mortos anualmente em
Em dez anos, entre 1998 e 2008, o total de motociclistas mortos anualmente em
acidentes passou de 1.047 para 8.939. Especialistas estimam que a tendência seja
de agravamento da situação, tendo em vista a facilidade do crédito para a
aquisição desses veículos, as deficiências da fiscalização dos motociclistas -muitos
adquirem as motos sem ter carteira de habilitação - e a falta de infraestrutura
urbana para abrigar essa frota crescente. Dados do Denatran mostram que há mais
de 18 milhões de motocicletas em circulação no País. O número equivale a 25%
da frota nacional de automóveis e reflete um crescimento de 246% na última
década.
Melhorar a malha viária, aprimorar as condições de segurança, investir em
Melhorar a malha viária, aprimorar as condições de segurança, investir em
campanhas de conscientização e mudança de comportamento e estabelecer
política educacional de longo prazo para melhorar a formação dos futuros
motoristas são medidas fundamentais a serem adotadas pelo governo para tirar o
Brasil do grupo dos países com maiores índices de mortos no trânsito - os outros
são Índia, Rússia e China.
Os acidentes com pedestres também cresceram. O número de óbitos passou de
Os acidentes com pedestres também cresceram. O número de óbitos passou de
8.799 para 9.944 - uma alta de 13%. As mortes dos ocupantes de automóveis
aumentaram 11%. Foram de 8.133, em 2009, para 9.059, no ano seguinte.
As duas regiões do País com maior índice de violência no trânsito são a Sudeste
As duas regiões do País com maior índice de violência no trânsito são a Sudeste
(15.598 óbitos) e a Nordeste (11.853). Outro dado preocupante - os jovens, de
21 a 29 anos, são as principais vítimas do trânsito, com 26,3% do total de mortos.
Além de reduzir a expectativa de vida da população jovem, a tragédia do
trânsito impõe altos custos sociais e econômicos aos sistemas de saúde e
previdenciário.
A solução desse grave problema exige também que o governo - essa é a sua
A solução desse grave problema exige também que o governo - essa é a sua
parte - se conscientize de que o aumento constante da frota de veículos exige
a expansão e a melhoria da infraestrutura viária.
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