domingo, fevereiro 10, 2013

MODELO ARGENTINO CONTRA DESMANCHE ILEGAL


ZERO HORA

COMBATE AOS DESMANCHES

Lições argentinas contra o crime

Detran deve adotar estratégia do país vizinho, que regulou

mercado de peças e reduziu os furtos e os roubos de 

veículos


 - MARCELO GONZATTO


O Estado deverá assinar um termo de cooperação técnica com o governo argentino para unir forças 
no combate aos desmanches de veículos e às quadrilhas que os abastecem com carros roubados. 
Esse acordo deverá formalizar a troca de experiências que já teve início, este mês, com a visita de 
uma comitiva do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) ao país vizinho.

Entre as lições que os gaúchos trouxeram da viagem está a necessidade de criar uma política mais 
abrangente contra o mercado ilegal de peças, que envolva diferentes órgãos públicos e não se resuma
à regularização dos desmanches – processo que se encontra em andamento no Estado.

A visita de três dias serviu para o diretor-presidente do Detran, Alessandro Barcellos, e técnicos 
conhecerem o sistema argentino que regulou o mercado de peças usadas e, em um primeiro 
momento, reduziu em mais de 40% a quantidade de furtos e roubos de veículos no país. 
Como consequência, ainda barateou o valor dos seguros de automóveis. O impacto foi maior nos 
primeiros anos após o cadastramento dos chamados “desarmaderos” de automóveis. Há pouco mais
de um ano, há sinais de que a fiscalização vem perdendo fôlego (veja entrevista).

A comitiva do Detran trouxe na bagagem um calhamaço com toda a legislação argentina referente ao 
controle de peças e a ideia de ampliar a frente de ataque aos comerciantes de peças provenientes do
 crime.

– Vimos que eles têm uma abordagem que vai além de apenas cadastrar desmanches. Há uma 
política mais abrangente, que envolve desde a garantia de reposição de peças pela indústria até a 
oferta de alternativas de trabalho para quem atuava na informalidade – revela Barcellos.

As observações poderão se transformar em novas medidas no Estado – além do cadastramento das 
autopeças. Em linhas gerais, a intenção é promover uma integração maior entre diferentes secretarias
e órgãos a fim de combater o crime organizado. Também deverão ser analisadas iniciativas como a 
implementação de ações sociais a fim de evitar o florescimento de um mercado ilegal. A intenção da 
diretoria do Detran é formalizar a parceria com as autoridades argentinas nas próximas semanas, 
mediante a assinatura de um termo de cooperação.

– A partir disso, deveremos fazer visitas mais operacionais, inclusive aos centros de desmanches 
deles – observa o diretor-presidente do Detran.


ENTREVISTA- “Caíram os roubos de carro”

Fabián Pons - Gerente-geral 

do Centro de Experimentación y Seguridad Vial 

(Cesvi) da Argentina


O gerente-geral do Cesvi Argentina, Fabián Pons, responsável pela empresa que se dedica a 
investigar medidas para ampliar a segurança viária e urbana envolvendo automóveis, afirma que o 
credenciamento dos desmanches teve impacto significativo no país vizinho, mas traz um alerta: 
o afrouxamento na fiscalização está colocando em risco os bons resultados. 
Confira entrevista concedida por telefone desde Buenos Aires:

Zero Hora – Qual foi o impacto da regularização dos desmanches?

Fabián Pons –
 Em princípio, houve uma queda significativa nos roubos de carro. Esse sistema de
controle foi muito importante, principalmente na Capital Federal e na Grande Buenos Aires. 
Depois, começou a se estender um pouco para o interior do país. No começo, reduziu-se o roubo 
de carros praticamente à metade.

ZH – Como está a situação hoje?

Pons –
 Já faz um ano, um ano e meio que não está funcionando o controle (sobre os desmanches),
por meio da Direção Nacional de Fiscalizações. Então, isso gera uma tendência a que voltem a 
surgir os desmanches ilegais.

ZH – Quem deve fiscalizar?

Pons –
 Quem fiscaliza é o Ministério da Justiça, com agentes que vão aos locais acompanhados 
de agentes de polícia.

ZH – Por que a fiscalização diminuiu?

Pons –
 É o mesmo que nos perguntamos, é uma
decisão política.

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