Os acidentes de trânsito, em escala mundial, ceifam milhares de vidas inocentes e causam mutilações e sequelas em outras milhares de pessoas, que acabam fadados a frequentarem hospitais ou centros de recuperação em busca da reconstrução de suas vidas. E a tentativa de reviravolta nos números de violência é uma realidade em muitos países, que passaram a adotar políticas públicas que vão desde a intensificação da educação de trânsito até o endurecimento das leis. No Brasil o cenário não é diferente. Somos a quarta nação do mundo em número de mortes no trânsito. E como nos outros países, o Brasil começa a adotar uma política mais agressiva que vise derrubar os índices de sinistros de trânsito. Agressiva do ponto de vista histórico haja vista, ao longo de sua história, o país carecer de políticas públicas efetivas de educação e fiscalização de trânsito. Mas tímidas se comparados aos países desenvolvidos, como Inglaterra, França ou Austrália que possuem políticas de educação de trânsito mais complexas e atuantes.
E algumas das ferramentas mais importantes na diminuição dos índices de acidentes de trânsito, as mídias impressa, radiofônica e televisiva, ainda são pouco exploradas no país. E isto não é culpa pura e simplesmente de nossos governos. É culpa da própria mídia, que pouca atenção dá a este tema. E quando qualquer artigo é publicado, vem carregado com altas doses de sensacionalismo, através de noticiários dos inúmeros acidentes violentos que ocorrem em nossas vias públicas. Esta falta de compromisso social com o tema é o principal traço da irresponsabilidade dos dirigentes dos principais veículos de comunicação. Mas afinal, qual culpa a mídia carrega acerca dos problemas do trânsito? Resposta, a omissão. O tema trânsito está presente e intrínseco na vida cotidiana de todos os brasileiros, sejam eles pedestres, ciclistas ou motoristas. A pessoa vive este contexto no simples ato de dirigir-se a uma padaria, há poucos metros de casa. Apesar de vivermos esta realidade, as questões educativas acerca do comportamento inadequado no trânsito são pouco discutidas. Somente vêm à tona após a ocorrência de algum tipo de tragédia. E quando ocorrem tragédias, lá está a mídia, posando de arauto da sociedade, cobrindo com doses cavalares de sensacionalismo as mortes ou mutilações ocorridas e bradando aos quatro ventos por justiça e rigor na legislação.
A mídia carrega um papel importante junto a sociedade. É dela a responsabilidade de comunicar e informar. Mas quando este importante papel é voltado apenas para o sensacionalismo e o factual, perde-se a oportunidade de educar e conscientizar através da comunicação.
Um passeio pelos diferentes tipos de meios de comunicação e como eles abordam as questões do trânsito
O enfoque às questões do trânsito por parte da imprensa ainda é limitado aos inúmeros noticiários sobre acidentes e mortes em ruas ou estradas do país. E o cenário pouco muda, se compararmos o conteúdo sobre trânsito publicado em jornais, revistas ou televisão. No caso da televisão, a ferramenta de comunicação de massa mais popular, a falta de um enfoque educativo é mais evidente. Se fizermos uma viagem ao conteúdo das diversas emissoras de televisão aberta, observaremos que os assuntos do trânsito são tratados de forma sensacionalista ou superficial. Programas com conteúdo educativo inexistem. Quando surge qualquer assunto sobre trânsito, a televisão não dá a ênfase necessária limitando-se a pequenos quadros inseridos em seus diversos programas. Quando há maior ênfase, geralmente se refere a acidentes ou tragédias rodoviárias.
O enfoque às questões do trânsito por parte da imprensa ainda é limitado aos inúmeros noticiários sobre acidentes e mortes em ruas ou estradas do país. E o cenário pouco muda, se compararmos o conteúdo sobre trânsito publicado em jornais, revistas ou televisão. No caso da televisão, a ferramenta de comunicação de massa mais popular, a falta de um enfoque educativo é mais evidente. Se fizermos uma viagem ao conteúdo das diversas emissoras de televisão aberta, observaremos que os assuntos do trânsito são tratados de forma sensacionalista ou superficial. Programas com conteúdo educativo inexistem. Quando surge qualquer assunto sobre trânsito, a televisão não dá a ênfase necessária limitando-se a pequenos quadros inseridos em seus diversos programas. Quando há maior ênfase, geralmente se refere a acidentes ou tragédias rodoviárias.
Procurando com maior atenção, encontraremos programas que destacam os assuntos relacionados ao mercado automotivo, como por exemplo, o Auto Esporte, da Rede Globo, ou Clube Irmão Caminhoneiro e Vrum, ambos do SBT. Estes programas, voltados a públicos específicos, reservam pequenos quadros sobre educação de trânsito ou direção defensiva. Um programa genuinamente sobre trânsito, que enfoque desde a direção defensiva até, podemos aí sim considerar, a cobertura de tragédias, dentro de um prisma educativo que aponte as principais falhas que geraram estes sinistros, ainda não existe e pouca atenção recebe por parte dos proprietários destes conglomerados de mídia.
A mídia impressa, a exemplo da televisão, também dá pouco destaque educativo às questões de trânsito. Na maioria das vezes, se limitam a destacar tragédias ou questões factuais. Uma pesquisa realizada pela empresa Andi Comunicação e Direitos, e publicada no site Vias Seguras (veja neste link o artigo original), sobre como a mídia cobre segurança no trânsito monitorou 14 jornais brasileiros durante seis meses, até maio de 2012. Segundo a pesquisa apenas 1,4% dos artigos publicados possuíam um teor propositivo e educativo. Nas rádios comerciais, a realidade não é diferente. Quase a totalidade das rádios dá pouca ou nenhuma ênfase aos assuntos do trânsito.
Mas nem tudo é cinza no enfoque da mídia sobre as questões do trânsito. E como exemplo citamos uma rádio comercial, inicialmente concebida em parceria com uma importante seguradora brasileira, para vender seus produtos no principal mercado consumidor do Brasil, a cidade de São Paulo. A Rádio Sul América, 92,1 FM, iniciou suas atividades tratando exclusivamente do trânsito da maior metrópole brasileira. Com objetivo inicial em orientar os motoristas acerca de rotas alternativas aos intermináveis congestionamentos, aos poucos a rádio começou a inserir vinhetas educativas que alertavam os motoristas sobre o bom comportamento do trânsito. Frente à receptividade do público, a rádio aumentou as inserções educativas em sua programação, incluindo mensagens até mesmo durante as apresentações ao vivo. O sucesso das inserções educativas e dos variados assuntos relacionados à segurança do trânsito é uma prova que o tema é popular e pode facilmente preencher a grade de programação de qualquer tipo de mídia. Apesar de ser considerada uma das poucas rádios no Brasil que tratam do assunto da educação de trânsito, ainda assim não é o ideal se projetarmos a concepção de um programa genuinamente educativo.
O papel da internet na concepção de programas ou materiais voltados á educação de trânsito
A falta de opções que tratem de forma ampla as questões do trânsito na mídia tradicional contrasta com o farto material de pesquisa e estudo encontrado na internet, considerada a mídia que mais cresce no país. Podemos encontrar na grande rede inúmeros sites que abordam o tema de forma ampla e com riqueza de conteúdo. E é na internet que encontramos programas que tratam das questões relacionadas a educação, direção defensiva e treinamento de trânsito, através da utilização da plataforma de webtv, isto é, a televisão irradiada apenas na internet.
A falta de opções que tratem de forma ampla as questões do trânsito na mídia tradicional contrasta com o farto material de pesquisa e estudo encontrado na internet, considerada a mídia que mais cresce no país. Podemos encontrar na grande rede inúmeros sites que abordam o tema de forma ampla e com riqueza de conteúdo. E é na internet que encontramos programas que tratam das questões relacionadas a educação, direção defensiva e treinamento de trânsito, através da utilização da plataforma de webtv, isto é, a televisão irradiada apenas na internet.
As webtvs vem se tornando nos últimos anos uma alternativa à falta de conteúdo apresentado nas grades das emissoras de televisão tradicionais. E entre estes programas destacamos o programa Trânsito Seguro, que vai ao ar às terças à noite pela TV Geração Z, em São Paulo. O idealizador do programa, Alessandro Ferro, é policial militar há 20 anos e pode ser considerado um pioneiro na criação de programas voltados exclusivamente ao tema trânsito. Cabo da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CPTran), formado em Políticas Públicas de Segurança, Pós-graduado em Educação e Gestão Ambiental, Instrutor e Examinador de Trânsito, Diretor de Ensino e Geral de CFC credenciado pelo DETRAN de São Paulo e apresentador do Programa Trânsito Seguro, Alessandro Ferro destacou os equívocos cometidos pela mídia quando abordava o tema trânsito como um dos principais motivos para a criação do programa. Mundo Trânsito entrevistou Alessandro Ferro e conferiu de perto seu trabalho pioneiro na busca do trânsito seguro.
MT – Como surgiu a ideia do programa?
Alessandro Ferro – A idéia surgiu devido a falta de informações sobre regras de trânsito na mídia em geral e quando algo era publicado, sempre havia equívocos ou erros nas matérias.
MT – Quando começou o programa?
Alessandro Ferro – O programa começou em Janeiro de 2012 em uma pequena emissora de WebTV, que não tinha muitos recursos, inclusive locava um espaço em um salão de bailes no centro de São Paulo. Nesta emissora apresentei quatro programas e resolvi procurar algo melhor e foi ai então que passei a apresentar o programa em outra WebTV, onde encontrei uma estrutura fantástica, porém, com péssima qualidade nos serviços de operação de áudio e vídeo (mão-de-obra). Atualmente apresento o programa na TV Greração Z, desde de Maio de 2013.
MT – Como foi a reciprocidade da corporação?
Alessandro Ferro – Tenho total apoio do Comandante do CPTran, Coronel Velozo, para divulgar o programa internamente na Corporação, inclusive ele já foi entrevistado por mim.
MT – Na sua opinião, quais foram suas melhores entrevistas?
Alessandro Ferro – Todas foram muita boas, porém, sempre tem aquelas que repercutem mais como a entrevista do Coronel Velozo, Vereador Coronel Camilo, O Piloto e tripulante dos Águias (Capitão Tasso e Sgt Prado), Guarda Luizinho, Capitão Julyver, Silvia Designer..
MT – E quais os planos para o futuro?
Alessandro Ferro - Meus planos para o futuro são de levar o meu programa para a TV aberta ou alguma rádio de grande audiência, pois, este tipo de informação é fundamental para instruir nossos usuários das vias públicas.
Como diz o ditado ‘a publicidade é a alma do negócio’, cabe à mídia seu papel de multiplicador das questões que visem à segurança no trânsito, através de uma política mais efetiva na elaboração de programas específicos que tratem do tema de forma séria e objetiva em um raio de alcance macro que possa atingir o maior número de pessoas. O papel da rádio, televisão, jornais e revistas na comunicação de massa é sem dúvida uma das ferramentas mais importantes na busca do trânsito seguro e deve ser tratada com maior atenção pelos que detém os direitos de transmissão e publicação. E para estes dirigentes o desafio está lançado: como criar um programa sobre educação de trânsito em uma linguagem simples e dinâmica ao público? A resposta está na criatividade. E criatividade o brasileiro tem de sobra.
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