Em palestra, alguém perguntou:
- Professor... Observo que muitos colegas quando bebem grande quantidade de bebidas alcoólicas (aquelas que contêm etanol) ficam ruins, enquanto outros (como eu), não apresentam alteração alguma.
E isto ocorre, independentemente da quantidade que ingerir.
Alguns dizem que não fico bêbado, pois sou resistente ao álcool/etanol.
Qual o motivo desta “pseudo dádiva”? (Perguntou-me).
RESPOSTA: - Temos ai um “rosário” para ofertar, e acima de tudo, isto vai incentivar meu desejo de prosseguir.
Bem, ao contrário da crença comum, determinados indivíduos desenvolvem tolerância ao etanol (que é o tipo de álcool majoritariamente presente nas bebidas alcoólicas), ou seja, a ingestão de tal substância não lhes traz alterações no metabolismo (reações que ocorrem no organismo), ocasionando, então como resultado, a ausência de efeitos colaterais indesejáveis, uma vez que as suas células efetivamente, adquirem a capacidade de funcionar de forma mais eficaz quando da presença do etanol.
Você achou isso “insano’?
Espere até ouvir o resto...
Permitam-me então, voltar à questão mais uma vez, porém com mais detalhes que antes.
Apenas agora a ciência começa a entender como e por que o etanol suscita efeitos tão diferentes nos seres humanos.
A primeira causa é “genética”, isto é;
está escrita no DNA de certas pessoas e diz que, por exemplo, os filhos de alcoólatras são os que toleram melhor a bebida alcoólica/contendo etanol.
(Simplificando: o etanol não chega a fazer o seu efeito nefasto de forma completa).
A segunda descoberta é na “bioquímica”!
(Bioquímica é a ciência que estuda os processos químicos que ocorrem nos organismos vivos)
Ok?!
Então, tente me acompanhar,
e eu revelarei um velho segredo – tudo bem, um segredo moderno.
Se você possuir certas moléculas no seu organismo (NPY e PKC – épsilon) ou determinadas enzimas (do tipo ALDH – aldeído desidrogenase), você tenderá a ingerir menos etanol de forma involuntária, ou então o transformará (destruirá as suas moléculas) fazendo com que seu efeito seja mais discreto.
Entrem então em sintonia com estes conhecimentos...
Mas para tornar as coisas ainda piores, cabe salientar que a embriaguez também depende de mais fatores, tais como:
- do estado emocional no momento em que se bebe;
- das expectativas em relação à bebida e
- da situação (jejum ou não) em que o “beber ocorre”.
Embora o conhecimento destes fatos iniciais não vá mudar a sua vida, é preciso que o esclarecimento continue a ser feito.
E por mais que alguns queiram empurrar este tema para debaixo do tapete do esquecimento, o conhecimento é um risco e então, prefiro presentear vocês com abacaxis do que com flores.
Soube que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional - Espírito Santo, durante a segunda semana de novembro, (Momento em que ocorreu o dia Mundial de Combate a Diabetes, comemorado no dia 14/11) informou as autoridades e a sociedade sobre os sintomas da hipoglicemia em diabéticos.
Situação que frequentemente é confundida com quadro de embriaguez no trânsito.
Tal alerta ocorreu, pois é sabido que não é raro agentes de trânsito, policiais militares e policiais rodoviários federais confundir os sintomas da doença com sinais de embriaguez, já que estes são bem parecidos.
Entre os sintomas da hipoglicemia destacamos:
- a dificuldade de articular as palavras,
- desorientação,
- turvação da vista,
- tontura,
- e a mudança de comportamento,... entre outros.
Querem um exemplo de “hipoglicemia grave”?
Foi mostrado durante a maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, quando o mundo inteiro se comoveu com a situação da maratonista suíça Gabrielle Andersen- Scheiss.
Cambaleante e desequilibrada, ao entrar no estádio Coliseu a atleta demorou sete longos e angustiantes minutos para percorrer dramaticamente os últimos 400 metros dos 42 quilômetros da prova, acompanhada de perto pela equipe médica do Comitê Organizador.
Lembram-se?! ( http://youtu.be/CKTjdXyJuYM)
Esse tipo de “constrangimento enganatório” em nosso cotidiano “vial” ocorre, segundo alerta das autoridades,
e pode ser facilmente abrandado por realizações de palestras para os fiscalizadores da área da mobilidade, objetivando informar e alertar sobre esta importante variável...
Estou propondo assim um “mínimo denominador comum” da boa vontade!
Mas vou continuar o meu relato nesta via de contra mão, abandonando a ideia de suspense e definir a tal de embriaguez...
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), a embriaguez ou intoxicação aguda é de modo geral produzida por álcool/etanol ou outro produto, sendo uma consequência do uso de uma substância psicoativa, provocando perturbações da consciência,
das faculdades cognitivas, da percepção, do afeto ou do comportamento, ou de outras funções e respostas psicofisiológicas (que se refere aos reflexos, à postura, ao equilíbrio, à coordenação motora e ao mecanismo de execução dos movimentos).
Volto a enfatizar que, a embriaguez corresponde a um estado temporário de intoxicação da pessoa, provocada pelo álcool/etanol ou substância análoga ou de semelhantes efeitos ( tranquilizantes, narcóticos, entorpecentes – morfina, barbitúricos, calmantes, estimulantes- anfetaminas/rebite, cocaína, heroína entre outros), que a priva do poder de autoridade de autocontrole, e reduz ou anula a capacidade de entendimento.
Assim, a simples suspeita de embriaguez não é suficiente para comprovar o suposto estado alcoólico alterado.
A embriaguez, tomando como exemplo “ a embriaguez no trânsito”, pode ser constatada com exame que comprove a quantidade de álcool/etanol no sangue (os resultados mais confiáveis são obtidos por determinação cromatográfica).
E mesmo este exame pode sofrer interferências...
(Tecnicamente sua credibilidade é considerada “boa”)
Há também mais um fato a considerar, que é o grau de embriaguez...
(Que creio ser a sua pergunta).
A classificação do grau de embriaguez dependerá não somente do teor de álcool/etanol no sangue, mas principalmente do grau de tolerância individual de quem bebe.
E a tolerância, por sua vez, depende de muitos fatores, tais como:
- idade,
- peso,
- sexo,
- nutrição,
- estados patológicos associados e a,
- habitualidade.
Logo o grau de embriaguez não guarda uma relação direta com a quantidade de etanol utilizada (ingerida); como muitas tabelas relacionam.
(As tabelas ofertam somente uma estimativa)
... e a estimativa nem sempre nos leva a algum lugar significativo, mas sem ela é claro, não vamos a lugar algum.
Cabe repetir,
que a quantidade de etanol apresentada pelo indivíduo (teste conhecido como alcoolemia), isoladamente, não é suficiente para determinar o estado de embriaguez alcoólica.
Este estado é sim determinado, por um conjunto específico de evidências.
Dá para entender então, a dificuldade em se mensurar a “embriaguez”?
Um adendo que gostaria de enfatizar, pois o tema já é “conhecido” no meio jurídico é sobre o texto da “Lei Seca” no Brasil.
Ela trata todos os condutores de maneira igual, mesmo tendo as pessoas comportamento distintos em relação à ação do álcool/etanol no organismo, como vimos anteriormente.
É tratar igualmente os desiguais.
Esta é “uma das” falhas do texto...
(Mas este é um outro tema)
Então fica o alerta, que para mim é o principal...
Se for dirigir não beba, ou não consuma substâncias prescritas como interferentes em sua capacidade psicomotora e/ou psicológica.
E que assim, espero ter respondido à sua expectativa intelectual...
... e a dos leitores também.
...”Milagre é quando tudo conspira contra,
mas DEUS vem de mansinho e com um sopro leve,
muda o rumo dos ventos”.
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