terça-feira, dezembro 28, 2010
Campanha de trânsito - XIII
Campanha de trânsito - XII
Campanha de trânsito - XI
Campanha de trânsito - X
terça-feira, dezembro 21, 2010
Dirigir com sono
É tão ruim quanto dirigir bêbado. Aprenda a reconhecer o perigo.
Por Dirley Fernandes
Depois de participar do funeral de um amigo, em Santarém (PA), no dia 7 de agosto do ano passado, Dom Gilberto Pastana, 51 anos, foi para a cama preocupado. No dia seguinte, pegaria a estrada em direção a Imperatriz (MA), onde é bispo diocesano. Pela manhã, Dom Gilberto partiu dirigindo pela rodovia Belém-Brasília.
Percorrer 600 quilômetros para vencer as distâncias entre Imperatriz e Santarém é comum para quem vive na região, mas exigia grande esforço do religioso, que, em razão das obrigações do trabalho eclesiástico, rotineiramente dormia tarde. Dom Gilberto não gostava de viajar só, mas, daquela vez, não teve alternativa. Na altura do quilômetro 90, depois de cinco horas ao volante, surgiu uma grande reta, antes de Ulianópolis (PA). O bispo vinha a 100 km/h com seu Gol. Sem aviso prévio e sem tempo para que tivesse qualquer reação, o sono o atingiu em cheio.
Quando Dom Gilberto despertou, a roda dianteira direita do carro já estava no declive após o acostamento. Ele tentou dar uma guinada para a esquerda, mas o carro derrapou. No susto, tentou uma nova guinada para a direita, ao mesmo tempo que pisava no freio.
“Foi nessa hora que o carro começou a capotar”, conta o bispo. Depois de três capotagens, o que restava do automóvel parou com as rodas para o ar. “Eu estava tonto, mas inteiro. Minha mala foi arremessada a vinte metros de distância, mas eu fiquei preso ao cinto, de cabeça para baixo”, lembra.
Motoristas com sono podem representar um perigo tão ou mais grave do que o álcool ou a velocidade excessiva nas estradas, pois têm a atenção profundamente prejudicada. Um estudo publicado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) estima que até 50% dos acidentes em rodovias federais brasileiras podem estar relacionados ao sono dos condutores.
No corpo humano, o ciclo vigília-sono apresenta dois períodos em que a pressão para dormir é maior. O principal é entre duas e quatro da manhã, e o outro, entre o início e o meio da tarde. A maioria das pessoas atribui o sono que sente à tarde à quantidade de comida no almoço. Mas o verdadeiro culpado é nosso relógio biológico.
“Quando uma pessoa está sonolenta, a capacidade de concentração diminui muito”, afirma o neurologista Geraldo Rizzo, do Sonolab – Laboratório do Sono de Porto Alegre (RS). “Nesse estado, o motorista superestima sua capacidade. Acha que consegue chegar ao destino e vai empurrando com a barriga. Mas a única solução é parar de dirigir imediatamente e dormir.”
Não “engane” seu corpo
Outro estudo publicado pela Abramet revela que não há saída segura para o motorista que queira ficar acordado quando o sono chega. “Café, chá preto e refrigerantes com cafeína podem auxiliá-lo a se sentir mais desperto, mas os efeitos duram pouco. E a pessoa ainda pode ser suscetível aos microssonos – breves cochilos que duram de um a cinco segundos.”
Outro estudo, esse da Confederação Nacional do Transporte (CNT), atesta: dormir ao volante é responsável por cerca de 30% dos acidentes, principalmente em condições monótonas (grandes retas e longas distâncias).
Antônio José Martins* descobriu isso em setembro de 2006, numa estrada do oeste de São Paulo. Antônio, então com 42 anos, vinha com a mãe, a pecuarista Maria das Graças Martins,* de uma visita a uma fazenda da família no Mato Grosso do Sul e se dirigia para outra propriedade, em São Paulo.
A Rodovia Marechal Rondon tem duas pistas em cada sentido e é muito bem conservada. Mas a paisagem é monótona, ladeada por campos extensos. Por volta do meio-dia, enquanto a mãe dormia, Antônio cochilou numa reta.
A caminhonete saiu da pista e capotou. Com o impacto, Antônio acordou, mas pouco se lembra do que aconteceu a seguir. Sua mãe foi arremessada para fora do veículo. “Só me lembro das pessoas tentando ajudá-la.” Maria das Graças foi levada ao hospital, mas não resistiu a um traumatismo craniano. Antônio, que ficou terrivelmente abalado, sofreu pequenos cortes na cabeça e em um dos braços. Ele hoje evita tocar no assunto: “É uma grande ferida”, lamenta, com a voz embargada.
Dormir é fundamental
Uma pesquisa do Congresso Brasileiro do Sono estimou que 56% da população brasileira não dorme o suficiente para desempenhar as atividades de forma adequada. Apenas no Rio Grande do Sul, um estudo constatou que um em cada cinco motoristas apontou a sonolência como responsável por acidentes de trânsito que havia sofrido. Já em um estudo da Unifesp, de 2001, com motoristas de ônibus, 16% dos entrevistados admitiram já terem dormido ao volante. E 58% disseram conhecer colegas que também já cochilaram.
“O século 20 deixou como herança o fim de hábitos como a sesta, e luzes e estímulos novos surgiram, entre os quais a Internet, o que aumentou a duração do dia e das jornadas de trabalho”, explica Pedro Felipe Carvalhedo de Bruin, vice-presidente da Sociedade Brasileira do Sono. “As pessoas já começam a acumular um débito de sono na segunda-feira que se estende até a sexta, à qual já chegam extenuadas. O desempenho, o humor, a concentração e o raciocínio vão piorando”, alerta.
Nossa tendência é acreditar que, dormindo menos, produziremos mais e aproveitaremos melhor a vida. Mas os especialistas concordam: o sono adequado é que vai garantir a qualidade do nosso tempo acordado.
A maioria dos adultos precisa de oito a nove horas de sono por dia. Sem esse descanso, executar tarefas em estado de alerta se torna quase impossível. O neuropsicólogo paranaense Plínio Marco de Toni e seus alunos da Universidade Tuiuti entrevistaram 105 trabalhadores noturnos em dois momentos: quando eles estavam sob privação de sono e depois, em condições normais. “A diferença na atenção seletiva, a que precisamos para compreender, selecionar e reagir aos estímulos do ambiente, era gritante. A conclusão é que o desempenho profissional, ou mesmo a capacidade de reagir a um sinal vermelho no trânsito, é radicalmente menor quando há falta de sono.”
Quem corre perigo
Qualquer pessoa pode ser vítima do cansaço, mas algumas correm risco maior de sofrer um acidente:
Quem trabalha demais Trabalhar mais de 60 horas por semana aumenta em 40% o risco de acidentes no trânsito.
Trabalhadores noturnos No Brasil, pesquisadores advertem que os distúrbios do sono atingem de 60% a 80% das pessoas que trabalham em regime de turnos. Os trabalhadores noturnos são os mais afetados: até 90% deles sofrem de sonolência. E quanto mais tarde da noite trabalham, maior o risco.
Jovens “Muitos acidentes de madrugada acontecem não só por causa do álcool, mas da sonolência”, alerta Sueli Rossini, do Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do Sono do Hospital das Clínicas de São Paulo. “A Internet, segundo pesquisas recentes, tem levado a uma forte diminuição das horas dormidas pelos jovens.”
Homens Assim como as mulheres são mais propensas à insônia, a apnéia (distúrbio respiratório que interrompe a entrada de ar nos pulmões durante o sono e provoca sonolência diurna) atinge três vezes mais os homens.
Pessoas com distúrbios do sono Mais de 50 milhões de brasileiros sofrem de distúrbios do sono, como apnéia, narcolepsia, síndrome das pernas inquietas e insônia. E não há no país, como nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, restrições para que essas pessoas dirijam.
Há seis anos, Evenilson de Carvalho Elói, portador de narcolepsia e sob tratamento no Laboratório do Sono da Universidade de Brasília, tinha saído do trabalho, numa repartição pública, e seguia para casa. Não sentia nada de diferente quando desceu uma avenida em declive do Plano Piloto em direção a um sinal de trânsito, no ponto em que a avenida inicia uma nova subida. Chegou a ver quando a luz vermelha acendeu. Segundos depois, Evenilson atingia dois carros que estavam parados no sinal, sem ao menos ter tido tempo de frear. “A batida foi tão forte que o carro teve perda total. Por sorte todos sofreram apenas ferimentos leves.”
Na época, Evenilson sofria até dois surtos de narcolepsia por dia e dormia onde fosse – inclusive de pé, na fila do banco. Hoje, a doença está mais controlada, mas ele continua tomando estimulantes do sistema nervoso central – principalmente quando vai pegar no volante. “Passei nove anos sendo chamado de preguiçoso até receber o diagnóstico”, conta ele.
Negando a realidade
O Instituto de Transportes da Universidade Virginia Tech (VTTI), nos Estados Unidos, conduziu um estudo para determinar o impacto da falta de atenção nos motoristas. Pesquisadores instalaram câmeras em 100 carros de Washington e observaram os motoristas ao longo de um ano. Mas não estavam preparados para o que descobriram: dirigir com sono é um fator que contribuiu em 22% a 24% dos acidentes e quase-acidentes monitorados. E alguns motoristas nem perceberam que haviam adormecido ao volante até serem avisados pelos pesquisadores.
O policial rodoviário Adriano Frasson, que trabalhou por muito tempo na rodovia que liga Curitiba ao litoral paranaense, viu muitos motoristas com a habilidade prejudicada pelo cansaço. “Passavam por esse trecho famílias simples, vindas do oeste do estado, para aproveitar um feriado, e o motorista, sem o costume de tantas horas de viagem, dava cabeçadas de sono.” Em geral, um adulto dirige enquanto a família toda dorme. “E as crianças no banco de trás tiram o cinto de segurança para se acomodar melhor”, acrescenta Frasson. Se o motorista cochila, vai saindo devagar da estrada até que um obstáculo o desperta. No susto, vira o volante abruptamente e capota.
Montadoras de automóveis têm desenvolvido sistemas de segurança que podem ajudar a evitar acidentes por distração ou cansaço. Os equipamentos mais difundidos são o DAS (Driver Alert System) e o LDW (Lane Departure Warning). Eles monitoram, por meio de câmeras e sensores, o comportamento do carro na estrada. Caso o veículo se aproxime demais do acostamento ou da faixa que divide as pistas, uma campainha é acionada. Carros como o Volvo S80, à venda no Brasil, têm dispositivos desse tipo, que equipam caminhões há algum tempo.
Mudar idéias e leis
Embora especialistas acreditem que leis mais severas são cruciais para mudar o comportamento dos motoristas, essa é uma questão polêmica. Após um acidente, o motorista em geral fica alerta. Não há um teste que possa ser feito na hora pelo policial para determinar o nível de cansaço de quem estava dirigindo.
O policial Frasson lembra que, muitas vezes, ao chegar ao local de acidentes em que a falta de marcas de freio no asfalto demonstrava que o motorista cochilara e saíra da estrada, a alegação mais comum era uma “fechada” de outro veículo. “Fechada de olho!”, ele afirma. “Raramente alguém confessa, por vergonha ou medo de problemas com a seguradora”, conta.
Mesmo motoristas que admitem ter dormido ao volante não são responsabilizados por causar ferimentos ou a morte de alguém. Evenilson não teve de explicar a ninguém o seu acidente e nem informar que sofre de narcolepsia. Especialistas em sono alertam para o fato de que as leis de trânsito sequer prevêem que os médicos sejam obrigados a comunicar às autoridades a incapacidade, momentânea ou não, de um motorista sob tratamento.
No Brasil, acidentes provocados por motoristas sem condições de dirigir – seja por cansaço, falta de habilitação ou embriaguês –, com raras exceções, são classificados como crime culposo – sem intenção – e não doloso. Com isso, muitas vezes quem comete um crime de trânsito, inclusive com mortes, acaba cumprindo penas alternativas, como a doação de cestas básicas. Mas há movimentos pedindo a mudança do código de trânsito e penas mais severas para os criminosos.
A funcionária pública Rosemary Costa de Sá fundou, em dezembro do ano passado, o Movimento de Combate à Impunidade nos Crimes de Trânsito. E abriu uma página no site de relacionamentos Orkut em busca de adesões. “Abracei essa causa e vou lutar até a mudança da lei”, garante ela.
A motivação de Rosemary foi a morte do pai, atropelado em janeiro de 2007 por um motorista que dormiu ao volante e invadiu a calçada, a 150 metros de sua casa, no bairro de Casa Forte, no Recife. “O condutor estava embriagado. Mas nossa luta é mais ampla: responsabilizar por crime doloso todo aquele que pega o volante sem condições de dirigir”, diz ela. Felipe Rabello Emery, que atropelou o pai de Rosemary, João Rufino de Sá, de 75 anos, foi preso em flagrante e confessou ter dormido ao volante. Passou 12 dias internado num hospital particular sob custódia da polícia, mas pagou fiança de R$ 800 e foi liberado. Agora, responde em liberdade por homicídio culposo – cuja pena máxima é de quatro anos – e não teve a habilitação apreendida.
Olho-de-gato
As concessionárias de rodovias perceberam a necessidade de reduzir o número de acidentes nas estradas que passaram a administrar na década de 1990. A RodoNorte, por exemplo, responsável por 560 quilômetros de rodovias no Paraná, afixou outdoors e painéis com orientações e advertências aos usuários e administra palestras em postos de gasolina para conscientizar sobre o risco de dirigir em situações de cansaço e em excesso de velocidade. As melhorias físicas incluíram faixas com mais visibilidade e a colocação de olhos-de-gato nas margens e entre as pistas. “As campanhas são permanentes, mas, infelizmente, ainda é comum encontrar nos registros de acidentes a sonolência como fator agravante”, conta o gestor de obras da RodoNorte, Élvio Torres.
A Polícia Rodoviária Estadual do Paraná comprova o resultado das mudanças. No trecho de São Luís do Purunã, um dos mais perigosos do estado, os acidentes tiveram redução de 85%. Em Imbaú, onde foram instalados olhos-de-gato no acostamento e na faixa central, o registro de acidentes despencou 73%.
O autônomo Sidney Barreira Dropa, de 29 anos, tem eterna gratidão pelos olhos-de-gato da Rodovia Fernão Dias (BR-381). Há dois anos, Sidney, que mora em São Paulo, voltava de uma festa na cidade de Piracaia (SP), de madrugada. Os três amigos que o acompanhavam dormiam tranqüilamente.
Tinha sido a vez de Sidney não beber e ele ficou incumbido de dirigir. Em Atibaia (SP), a rodovia de faixa dupla tem longas retas e é muito bem sinalizada. Na intenção de chegar logo a São Paulo, Sidney seguia a mais de 100 km/h. “Aí, começou a me dar uns apagões”, lembra ele. “Mas achei que conseguiria chegar.” Pouco depois, um barulho despertou os ocupantes do carro. Sidney retesou os músculos, e virou o volante para dentro da pista. O automóvel derrapou, mas o motorista conseguiu dominar a direção.
Com o coração a mil e suando frio, Sidney resolveu parar num posto, apoiado pelos amigos, todos apavorados. O trabalho de Sidney é fazer entregas em um furgão. Ele dirige durante a semana inteira. “Qualquer um pode dormir na direção. Se não fossem aqueles olhos-de-gato, eu não estaria contando essa história”, diz.
Você dorme ao volante?
Dirigir com sono é muito arriscado. O neurologista Geraldo Rizzo, diretor do Sonolab – Laboratório do Sono de Porto Alegre, alerta:
Quando se está muito cansado para dirigir
• Você não pára de bocejar.
• Você se sente irritável.
• Sua mente perde a capacidade de concentração; os pensamentos ficam desconexos.
• Você perde a capacidade de entender o que significam os sinais de trânsito.
• A memória falha; você não se lembra dos últimos quilômetros.
• Você não avalia bem sua capacidade de seguir em frente.
Para manter-se alerta ao dirigir:
• Não tente dirigir por um período longo demais.
• Evite álcool ou qualquer medicamento com efeito sedativo quando tiver de pegar a estrada.
• Planeje viajar com alguém que fique acordado ao seu lado; faça paradas a cada 2 horas.
• Fique longe dos remédios estimulantes. Eles não são seguros e prejudicam a saúde.
Pesquisas sugerem que as estratégias que os motoristas usam para ficar acordados – abrir a janela, ligar o rádio, parar para esticar as pernas – têm eficácia limitada. Se você começar a sentir sono enquanto dirige, pare e tire um cochilo de 30 minutos.
Bêbado ou com sono?
É difícil distinguir um motorista bêbado de um motorista com sono. Os sinais mais comuns de um motorista com privação do sono incluem:
• Não dirigir em linha reta
• Alternar muito a velocidade
• “Colar” no carro da frente
• Dar cabeçadas
Se você vir alguém dirigindo nessas condições, mantenha distância do
carro e chame a polícia rodoviária.
Sua atitude pode salvar vidas.
Por Dirley Fernandes
Depois de participar do funeral de um amigo, em Santarém (PA), no dia 7 de agosto do ano passado, Dom Gilberto Pastana, 51 anos, foi para a cama preocupado. No dia seguinte, pegaria a estrada em direção a Imperatriz (MA), onde é bispo diocesano. Pela manhã, Dom Gilberto partiu dirigindo pela rodovia Belém-Brasília.
Percorrer 600 quilômetros para vencer as distâncias entre Imperatriz e Santarém é comum para quem vive na região, mas exigia grande esforço do religioso, que, em razão das obrigações do trabalho eclesiástico, rotineiramente dormia tarde. Dom Gilberto não gostava de viajar só, mas, daquela vez, não teve alternativa. Na altura do quilômetro 90, depois de cinco horas ao volante, surgiu uma grande reta, antes de Ulianópolis (PA). O bispo vinha a 100 km/h com seu Gol. Sem aviso prévio e sem tempo para que tivesse qualquer reação, o sono o atingiu em cheio.
Quando Dom Gilberto despertou, a roda dianteira direita do carro já estava no declive após o acostamento. Ele tentou dar uma guinada para a esquerda, mas o carro derrapou. No susto, tentou uma nova guinada para a direita, ao mesmo tempo que pisava no freio.
“Foi nessa hora que o carro começou a capotar”, conta o bispo. Depois de três capotagens, o que restava do automóvel parou com as rodas para o ar. “Eu estava tonto, mas inteiro. Minha mala foi arremessada a vinte metros de distância, mas eu fiquei preso ao cinto, de cabeça para baixo”, lembra.
Motoristas com sono podem representar um perigo tão ou mais grave do que o álcool ou a velocidade excessiva nas estradas, pois têm a atenção profundamente prejudicada. Um estudo publicado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) estima que até 50% dos acidentes em rodovias federais brasileiras podem estar relacionados ao sono dos condutores.
No corpo humano, o ciclo vigília-sono apresenta dois períodos em que a pressão para dormir é maior. O principal é entre duas e quatro da manhã, e o outro, entre o início e o meio da tarde. A maioria das pessoas atribui o sono que sente à tarde à quantidade de comida no almoço. Mas o verdadeiro culpado é nosso relógio biológico.
“Quando uma pessoa está sonolenta, a capacidade de concentração diminui muito”, afirma o neurologista Geraldo Rizzo, do Sonolab – Laboratório do Sono de Porto Alegre (RS). “Nesse estado, o motorista superestima sua capacidade. Acha que consegue chegar ao destino e vai empurrando com a barriga. Mas a única solução é parar de dirigir imediatamente e dormir.”
Não “engane” seu corpo
Outro estudo publicado pela Abramet revela que não há saída segura para o motorista que queira ficar acordado quando o sono chega. “Café, chá preto e refrigerantes com cafeína podem auxiliá-lo a se sentir mais desperto, mas os efeitos duram pouco. E a pessoa ainda pode ser suscetível aos microssonos – breves cochilos que duram de um a cinco segundos.”
Outro estudo, esse da Confederação Nacional do Transporte (CNT), atesta: dormir ao volante é responsável por cerca de 30% dos acidentes, principalmente em condições monótonas (grandes retas e longas distâncias).
Antônio José Martins* descobriu isso em setembro de 2006, numa estrada do oeste de São Paulo. Antônio, então com 42 anos, vinha com a mãe, a pecuarista Maria das Graças Martins,* de uma visita a uma fazenda da família no Mato Grosso do Sul e se dirigia para outra propriedade, em São Paulo.
A Rodovia Marechal Rondon tem duas pistas em cada sentido e é muito bem conservada. Mas a paisagem é monótona, ladeada por campos extensos. Por volta do meio-dia, enquanto a mãe dormia, Antônio cochilou numa reta.
A caminhonete saiu da pista e capotou. Com o impacto, Antônio acordou, mas pouco se lembra do que aconteceu a seguir. Sua mãe foi arremessada para fora do veículo. “Só me lembro das pessoas tentando ajudá-la.” Maria das Graças foi levada ao hospital, mas não resistiu a um traumatismo craniano. Antônio, que ficou terrivelmente abalado, sofreu pequenos cortes na cabeça e em um dos braços. Ele hoje evita tocar no assunto: “É uma grande ferida”, lamenta, com a voz embargada.
Dormir é fundamental
Uma pesquisa do Congresso Brasileiro do Sono estimou que 56% da população brasileira não dorme o suficiente para desempenhar as atividades de forma adequada. Apenas no Rio Grande do Sul, um estudo constatou que um em cada cinco motoristas apontou a sonolência como responsável por acidentes de trânsito que havia sofrido. Já em um estudo da Unifesp, de 2001, com motoristas de ônibus, 16% dos entrevistados admitiram já terem dormido ao volante. E 58% disseram conhecer colegas que também já cochilaram.
“O século 20 deixou como herança o fim de hábitos como a sesta, e luzes e estímulos novos surgiram, entre os quais a Internet, o que aumentou a duração do dia e das jornadas de trabalho”, explica Pedro Felipe Carvalhedo de Bruin, vice-presidente da Sociedade Brasileira do Sono. “As pessoas já começam a acumular um débito de sono na segunda-feira que se estende até a sexta, à qual já chegam extenuadas. O desempenho, o humor, a concentração e o raciocínio vão piorando”, alerta.
Nossa tendência é acreditar que, dormindo menos, produziremos mais e aproveitaremos melhor a vida. Mas os especialistas concordam: o sono adequado é que vai garantir a qualidade do nosso tempo acordado.
A maioria dos adultos precisa de oito a nove horas de sono por dia. Sem esse descanso, executar tarefas em estado de alerta se torna quase impossível. O neuropsicólogo paranaense Plínio Marco de Toni e seus alunos da Universidade Tuiuti entrevistaram 105 trabalhadores noturnos em dois momentos: quando eles estavam sob privação de sono e depois, em condições normais. “A diferença na atenção seletiva, a que precisamos para compreender, selecionar e reagir aos estímulos do ambiente, era gritante. A conclusão é que o desempenho profissional, ou mesmo a capacidade de reagir a um sinal vermelho no trânsito, é radicalmente menor quando há falta de sono.”
Quem corre perigo
Qualquer pessoa pode ser vítima do cansaço, mas algumas correm risco maior de sofrer um acidente:
Quem trabalha demais Trabalhar mais de 60 horas por semana aumenta em 40% o risco de acidentes no trânsito.
Trabalhadores noturnos No Brasil, pesquisadores advertem que os distúrbios do sono atingem de 60% a 80% das pessoas que trabalham em regime de turnos. Os trabalhadores noturnos são os mais afetados: até 90% deles sofrem de sonolência. E quanto mais tarde da noite trabalham, maior o risco.
Jovens “Muitos acidentes de madrugada acontecem não só por causa do álcool, mas da sonolência”, alerta Sueli Rossini, do Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do Sono do Hospital das Clínicas de São Paulo. “A Internet, segundo pesquisas recentes, tem levado a uma forte diminuição das horas dormidas pelos jovens.”
Homens Assim como as mulheres são mais propensas à insônia, a apnéia (distúrbio respiratório que interrompe a entrada de ar nos pulmões durante o sono e provoca sonolência diurna) atinge três vezes mais os homens.
Pessoas com distúrbios do sono Mais de 50 milhões de brasileiros sofrem de distúrbios do sono, como apnéia, narcolepsia, síndrome das pernas inquietas e insônia. E não há no país, como nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, restrições para que essas pessoas dirijam.
Há seis anos, Evenilson de Carvalho Elói, portador de narcolepsia e sob tratamento no Laboratório do Sono da Universidade de Brasília, tinha saído do trabalho, numa repartição pública, e seguia para casa. Não sentia nada de diferente quando desceu uma avenida em declive do Plano Piloto em direção a um sinal de trânsito, no ponto em que a avenida inicia uma nova subida. Chegou a ver quando a luz vermelha acendeu. Segundos depois, Evenilson atingia dois carros que estavam parados no sinal, sem ao menos ter tido tempo de frear. “A batida foi tão forte que o carro teve perda total. Por sorte todos sofreram apenas ferimentos leves.”
Na época, Evenilson sofria até dois surtos de narcolepsia por dia e dormia onde fosse – inclusive de pé, na fila do banco. Hoje, a doença está mais controlada, mas ele continua tomando estimulantes do sistema nervoso central – principalmente quando vai pegar no volante. “Passei nove anos sendo chamado de preguiçoso até receber o diagnóstico”, conta ele.
Negando a realidade
O Instituto de Transportes da Universidade Virginia Tech (VTTI), nos Estados Unidos, conduziu um estudo para determinar o impacto da falta de atenção nos motoristas. Pesquisadores instalaram câmeras em 100 carros de Washington e observaram os motoristas ao longo de um ano. Mas não estavam preparados para o que descobriram: dirigir com sono é um fator que contribuiu em 22% a 24% dos acidentes e quase-acidentes monitorados. E alguns motoristas nem perceberam que haviam adormecido ao volante até serem avisados pelos pesquisadores.
O policial rodoviário Adriano Frasson, que trabalhou por muito tempo na rodovia que liga Curitiba ao litoral paranaense, viu muitos motoristas com a habilidade prejudicada pelo cansaço. “Passavam por esse trecho famílias simples, vindas do oeste do estado, para aproveitar um feriado, e o motorista, sem o costume de tantas horas de viagem, dava cabeçadas de sono.” Em geral, um adulto dirige enquanto a família toda dorme. “E as crianças no banco de trás tiram o cinto de segurança para se acomodar melhor”, acrescenta Frasson. Se o motorista cochila, vai saindo devagar da estrada até que um obstáculo o desperta. No susto, vira o volante abruptamente e capota.
Montadoras de automóveis têm desenvolvido sistemas de segurança que podem ajudar a evitar acidentes por distração ou cansaço. Os equipamentos mais difundidos são o DAS (Driver Alert System) e o LDW (Lane Departure Warning). Eles monitoram, por meio de câmeras e sensores, o comportamento do carro na estrada. Caso o veículo se aproxime demais do acostamento ou da faixa que divide as pistas, uma campainha é acionada. Carros como o Volvo S80, à venda no Brasil, têm dispositivos desse tipo, que equipam caminhões há algum tempo.
Mudar idéias e leis
Embora especialistas acreditem que leis mais severas são cruciais para mudar o comportamento dos motoristas, essa é uma questão polêmica. Após um acidente, o motorista em geral fica alerta. Não há um teste que possa ser feito na hora pelo policial para determinar o nível de cansaço de quem estava dirigindo.
O policial Frasson lembra que, muitas vezes, ao chegar ao local de acidentes em que a falta de marcas de freio no asfalto demonstrava que o motorista cochilara e saíra da estrada, a alegação mais comum era uma “fechada” de outro veículo. “Fechada de olho!”, ele afirma. “Raramente alguém confessa, por vergonha ou medo de problemas com a seguradora”, conta.
Mesmo motoristas que admitem ter dormido ao volante não são responsabilizados por causar ferimentos ou a morte de alguém. Evenilson não teve de explicar a ninguém o seu acidente e nem informar que sofre de narcolepsia. Especialistas em sono alertam para o fato de que as leis de trânsito sequer prevêem que os médicos sejam obrigados a comunicar às autoridades a incapacidade, momentânea ou não, de um motorista sob tratamento.
No Brasil, acidentes provocados por motoristas sem condições de dirigir – seja por cansaço, falta de habilitação ou embriaguês –, com raras exceções, são classificados como crime culposo – sem intenção – e não doloso. Com isso, muitas vezes quem comete um crime de trânsito, inclusive com mortes, acaba cumprindo penas alternativas, como a doação de cestas básicas. Mas há movimentos pedindo a mudança do código de trânsito e penas mais severas para os criminosos.
A funcionária pública Rosemary Costa de Sá fundou, em dezembro do ano passado, o Movimento de Combate à Impunidade nos Crimes de Trânsito. E abriu uma página no site de relacionamentos Orkut em busca de adesões. “Abracei essa causa e vou lutar até a mudança da lei”, garante ela.
A motivação de Rosemary foi a morte do pai, atropelado em janeiro de 2007 por um motorista que dormiu ao volante e invadiu a calçada, a 150 metros de sua casa, no bairro de Casa Forte, no Recife. “O condutor estava embriagado. Mas nossa luta é mais ampla: responsabilizar por crime doloso todo aquele que pega o volante sem condições de dirigir”, diz ela. Felipe Rabello Emery, que atropelou o pai de Rosemary, João Rufino de Sá, de 75 anos, foi preso em flagrante e confessou ter dormido ao volante. Passou 12 dias internado num hospital particular sob custódia da polícia, mas pagou fiança de R$ 800 e foi liberado. Agora, responde em liberdade por homicídio culposo – cuja pena máxima é de quatro anos – e não teve a habilitação apreendida.
Olho-de-gato
As concessionárias de rodovias perceberam a necessidade de reduzir o número de acidentes nas estradas que passaram a administrar na década de 1990. A RodoNorte, por exemplo, responsável por 560 quilômetros de rodovias no Paraná, afixou outdoors e painéis com orientações e advertências aos usuários e administra palestras em postos de gasolina para conscientizar sobre o risco de dirigir em situações de cansaço e em excesso de velocidade. As melhorias físicas incluíram faixas com mais visibilidade e a colocação de olhos-de-gato nas margens e entre as pistas. “As campanhas são permanentes, mas, infelizmente, ainda é comum encontrar nos registros de acidentes a sonolência como fator agravante”, conta o gestor de obras da RodoNorte, Élvio Torres.
A Polícia Rodoviária Estadual do Paraná comprova o resultado das mudanças. No trecho de São Luís do Purunã, um dos mais perigosos do estado, os acidentes tiveram redução de 85%. Em Imbaú, onde foram instalados olhos-de-gato no acostamento e na faixa central, o registro de acidentes despencou 73%.
O autônomo Sidney Barreira Dropa, de 29 anos, tem eterna gratidão pelos olhos-de-gato da Rodovia Fernão Dias (BR-381). Há dois anos, Sidney, que mora em São Paulo, voltava de uma festa na cidade de Piracaia (SP), de madrugada. Os três amigos que o acompanhavam dormiam tranqüilamente.
Tinha sido a vez de Sidney não beber e ele ficou incumbido de dirigir. Em Atibaia (SP), a rodovia de faixa dupla tem longas retas e é muito bem sinalizada. Na intenção de chegar logo a São Paulo, Sidney seguia a mais de 100 km/h. “Aí, começou a me dar uns apagões”, lembra ele. “Mas achei que conseguiria chegar.” Pouco depois, um barulho despertou os ocupantes do carro. Sidney retesou os músculos, e virou o volante para dentro da pista. O automóvel derrapou, mas o motorista conseguiu dominar a direção.
Com o coração a mil e suando frio, Sidney resolveu parar num posto, apoiado pelos amigos, todos apavorados. O trabalho de Sidney é fazer entregas em um furgão. Ele dirige durante a semana inteira. “Qualquer um pode dormir na direção. Se não fossem aqueles olhos-de-gato, eu não estaria contando essa história”, diz.
Você dorme ao volante?
Dirigir com sono é muito arriscado. O neurologista Geraldo Rizzo, diretor do Sonolab – Laboratório do Sono de Porto Alegre, alerta:
Quando se está muito cansado para dirigir
• Você não pára de bocejar.
• Você se sente irritável.
• Sua mente perde a capacidade de concentração; os pensamentos ficam desconexos.
• Você perde a capacidade de entender o que significam os sinais de trânsito.
• A memória falha; você não se lembra dos últimos quilômetros.
• Você não avalia bem sua capacidade de seguir em frente.
Para manter-se alerta ao dirigir:
• Não tente dirigir por um período longo demais.
• Evite álcool ou qualquer medicamento com efeito sedativo quando tiver de pegar a estrada.
• Planeje viajar com alguém que fique acordado ao seu lado; faça paradas a cada 2 horas.
• Fique longe dos remédios estimulantes. Eles não são seguros e prejudicam a saúde.
Pesquisas sugerem que as estratégias que os motoristas usam para ficar acordados – abrir a janela, ligar o rádio, parar para esticar as pernas – têm eficácia limitada. Se você começar a sentir sono enquanto dirige, pare e tire um cochilo de 30 minutos.
Bêbado ou com sono?
É difícil distinguir um motorista bêbado de um motorista com sono. Os sinais mais comuns de um motorista com privação do sono incluem:
• Não dirigir em linha reta
• Alternar muito a velocidade
• “Colar” no carro da frente
• Dar cabeçadas
Se você vir alguém dirigindo nessas condições, mantenha distância do
carro e chame a polícia rodoviária.
Sua atitude pode salvar vidas.
segunda-feira, dezembro 20, 2010
Campanha de trânsito IX
quarta-feira, dezembro 15, 2010
Cerca de 96% dos motoristas com carteiras suspensas não entregaram o documento no RS
Geral | 15/12/2010 | 17h12min
De 10,8 mil condutores convocados pelo Detran, apenas 396 entregaram as CNHs
Terminado o prazo para os condutores que tiveram CNH suspensa começarem a cumprir a penalidade, 10,4 mil gaúchos ainda não compareceram a um Centro de Formação de Condutores (CFCs) para entregar o documento.
Publicado no Diário Oficial do Estado na última sexta-feira, o edital do Detran/RS convocou 10,8 mil condutores punidos administrativamente por meio de Processos de Suspensão do Direito de Dirigir para entregar a CNH em 48 horas. O prazo encerrou-se ontem, quando 348 atenderam a convocação. Nesta quarta-feira, mais 48 condutores entregaram a CNH. Significa que 96,3% do total não entregou a habilitação.
Flagrados dirigindo, os condutores suspensos estarão incidindo em crime de desobediência e violação da suspensão do direito de dirigir (crime de trânsito) com a responsabilização criminal. Estão previstas em lei detenção emulta, além da cassação do documento de habilitação, o que torna necessário o reinício de todo processo de habilitação após os dois anos de cumprimento da penalidade.
Órgãos fiscalizadores, como Brigada Militar, polícias rodoviárias e autoridades municipais receberão a lista de condutores suspensos para que intensifiquem ações visando o recolhimento da CNH, além da apresentação do condutor à delegacia de polícia.
ZEROHORA.COM
De 10,8 mil condutores convocados pelo Detran, apenas 396 entregaram as CNHs
Terminado o prazo para os condutores que tiveram CNH suspensa começarem a cumprir a penalidade, 10,4 mil gaúchos ainda não compareceram a um Centro de Formação de Condutores (CFCs) para entregar o documento.
Publicado no Diário Oficial do Estado na última sexta-feira, o edital do Detran/RS convocou 10,8 mil condutores punidos administrativamente por meio de Processos de Suspensão do Direito de Dirigir para entregar a CNH em 48 horas. O prazo encerrou-se ontem, quando 348 atenderam a convocação. Nesta quarta-feira, mais 48 condutores entregaram a CNH. Significa que 96,3% do total não entregou a habilitação.
Flagrados dirigindo, os condutores suspensos estarão incidindo em crime de desobediência e violação da suspensão do direito de dirigir (crime de trânsito) com a responsabilização criminal. Estão previstas em lei detenção emulta, além da cassação do documento de habilitação, o que torna necessário o reinício de todo processo de habilitação após os dois anos de cumprimento da penalidade.
Órgãos fiscalizadores, como Brigada Militar, polícias rodoviárias e autoridades municipais receberão a lista de condutores suspensos para que intensifiquem ações visando o recolhimento da CNH, além da apresentação do condutor à delegacia de polícia.
ZEROHORA.COM
terça-feira, dezembro 14, 2010
Campanha Checa
Marcadores:
drogas ao volante,
excesso de velocidade
Campanha Brasileira
quarta-feira, dezembro 01, 2010
Grupo RBS/PoA lança o blog "Repórter de Trânsito"
Acompanhe o lançamento do blog Repórter de Trânsito
1 de dezembro de 2010
A partir das 19h30min, na sede do grupo RBS em Porto Alegre, acontece o lançamento do novo blog da Rádio Gaúcha, Repórter de Trânsito.
Para marcar a estreia, o repórter Mauro Saraiva Júnior media um painel sobre o tema trânsito com o chefe da Seção de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, Assis Fernando da Silva, o comandante do 3º Batalhão Rodoviário, Ordeli Gomes, o gerente de fiscalização da EPTC, Carlos Pires, e o presidente do Detran/RS, Sérgio Filomena.
Debate marca estreia do blog Repórter de Trânsito
Por Mauro Saraiva Júnior e Felipe Daroit
O blog Repórter de Trânsito tem como objetivo auxiliar nos trabalhos direcionadas à redução de acidentes no Rio Grande do Sul. Nesta noite, um debate no salão Nobre da RBS trará convidados especiais, autoridades federais, estaduais e municipais para discutir alternativas para diminuir a mortalidade no trânsito.
O painel, com representantes da Polícia Rodoviária Federal, Batalhão Rodoviário, Detran e Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), ocorre a partir das 19h30min, na sede do Grupo RBS, em Porto Alegre.
O novo espaço tem como foco assuntos da área, campanhas de educação, dicas e matérias especiais com conteúdos de interesse para motoristas, pedestres e autoridades. Os leitores também poderão participar, opinando, debatendo e tendo acesso a ferramentas que contribuam diretamente para um trânsito seguro.
“É possível mudar o comportamento dos motoristas gaúchos”
1 de dezembro de 2010
A frase, que reflete o comportamento dos motoristas e a situação do trânsito no Estado, foi dita pelo chefe da Seção de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Assis Fernando da Silva. Desta maneira ele abriu sua participação no painel para debater problemas no trânsito durante o lançamento do blog Repórter de Trânsito.
Mesmo com a pressa, Assis acredita que é possível mudar o comportamento dos motoristas gaúchos por meio de ações educacionais.
Para isso, no dia 14, a PRF lançará o Programa de Redução de Mortos e Feridos (Promof) na tentativa de mudar as estatísticas.
- Acreditamos que os números poderiam ser diferentes – disse Assis.
Ricardo Duarte/Zero Hora
“Respeito entre os motoristas é fundamental para reduzir o número de acidentes”
1 de dezembro de 2010
Para o comandante do 3º Batalhão Rodoviário, Ordeli Gomes, o respeito entre os motoristas é fundamental para reduzir o número de acidentes nas rodovias.
- O trânsito é um local de igualdade, todos têm o mesmo valor. Os motoristas devem respeitar uns aos outros – afirmou.
Trabalhando nas rodovias estaduais, Gomes pôde notar uma peculiaridade: apesar de representarem menos de 10% dos veículos nas rodovias, os motociclistas somam 36% das mortes nas estradas gaúchas.
Outro dado comentado pelo comandante é sobre a imprudência dos jovens motoristas. Segundo Gomes, as principais vítimas de acidentes, entre sexta-feira e domingo, são jovens no início da fase adulta.
“A educação é a base de um sistema de trânsito seguro”
1 de dezembro de 2010
O presidente do Detran no Rio Grande do Sul, Sérgio Filomena, falou sobre os pilares da segurança no trânsito, dos quais o mais importante é o comportamento dos condutores. Neste ponto, o órgão que comanda tem a missão institucional de educar os motoristas a fim de obter atitudes positivas e civilizadas em relação ao tráfego.
- A educação é a base de um sistema de trânsito seguro. A formação do cidadão é primordial para que tenhamos um trânsito mais seguro – afirmou.
Para Filomena, o Detran é um elo da corrente no trabalho conjunto que deve ser feito para educar os motoristas:
- Sozinhos nós não vamos fazer muita coisa, mas se trabalharmos juntos nós vamos chegar lá.
Para Filomena, o Detran é um elo da corrente no trabalho conjunto que deve ser feito para educar os motoristas:
- Sozinhos nós não vamos fazer muita coisa, mas se trabalharmos juntos nós vamos chegar lá.
“Se não houver união, as estatísticas vão ser multiplicadas por muitas vidas”
1 de dezembro de 2010
Ao comentar as falas dos painelistas anteriores, o gerente de fiscalização da EPTC, Carlos Pires, corroborou a opinião dos demais quando disse que o comportamento dos motoristas é essencial para garantir a segurança de todos no trânsito. Para Pires, a reversão do quadro atual acontecerá quando houver união entre diversos órgãos da sociedade:
- Se não houver união, as estatísticas vão ser multiplicadas por muitas vidas.
O gerente da EPTC disse ainda que acredita na redução do número de acidentes e em uma grande mudança no comportamento dos motoristas na próxima década:
- Quando os pais entram no carro, os filhos dizem para colocar o cinto. É uma revolução silenciosa.
Para uma redução no número de mortes atualmente, acredita Pires, a geração de motoristas deve ser tratada e educada, senão “está perdida”.
- Se não houver união, as estatísticas vão ser multiplicadas por muitas vidas.
O gerente da EPTC disse ainda que acredita na redução do número de acidentes e em uma grande mudança no comportamento dos motoristas na próxima década:
- Quando os pais entram no carro, os filhos dizem para colocar o cinto. É uma revolução silenciosa.
Para uma redução no número de mortes atualmente, acredita Pires, a geração de motoristas deve ser tratada e educada, senão “está perdida”.
domingo, novembro 28, 2010
Acidentes mortais - II
sexta-feira, novembro 26, 2010
Campanha de Trânsito pela vida - VI
Educação para o trânsito - III
Educação para o trânsito - II
quarta-feira, novembro 24, 2010
Acidentes mortais - I
Educação para o trânsito - I
Você se identifica em alguma dessas situações?
terça-feira, novembro 23, 2010
Campanha de trânsito pela vida - V
segunda-feira, novembro 22, 2010
A lógica da vida invertida
Relatos das famílias que perderam seus jovens em acidentes
Kamila Almeida | kamila.almeida@zerohora.com.br
A cada cinco horas, uma família é dilacerada pela notícia da morte brutal em acidentes no trânsito gaúcho. Histórias particulares se condensam em estatísticas, como as 1.405 vidas ceifadas de janeiro a outubro deste ano, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Do total, 359 não chegaram aos 30 anos de idade — e 259 ficaram entre os 18 e 24 anos. Atordoados diante da lógica invertida, casais que perderam filhos eternizam a última lembrança de seus tesouros: o quarto.
O colorido impregnado no dormitório juvenil contrasta com o caminho acinzentado que os pais passaram a percorrer. As flores, a luz da vela e os adornos típicos de quem, aos 18 anos, ainda tateava no mundo adulto são os itens visíveis do quarto de Alessandra Andreolla Feijó, filha do empresário e vice-governador Paulo Afonso Feijó, 52 anos, e da professora de educação física Lisette, 49 anos.
— Nos primeiros seis meses eu dormia aqui, vez por outra. A sensação é de que, no quarto, estamos mais perto. Era o cantinho dela — conta Lisette.
Luanda Patrícia, filha dos empresários Eliane, 37 anos, e Roque Redante, 43 anos, de Guaporé, também tinha 18 anos quando partiu. O dormitório rosado ficou intacto. Num bloco, Luanda deixou rabiscados 45 desejos que ela calculava alcançar antes dos 35 anos. Cumpriu, pelas suas anotações, apenas três: "dançar em cima de um palco loucamente", "dormir com a roupa que saiu" e "viajar com as amigas".
Em Flores da Cunha, a empresária Noeli Agostinetto, 38 anos, mãe de Willian, 19 anos, quis fazer diferente. Logo após a morte do adolescente, tentou se desfazer de tudo, mas já na primeira doação, o coração apertou. Ela e o marido, Cladecir, 44 anos, acabaram vencidos, e as recordações de azul até hoje predominam nos 11 metros quadrados do cômodo incólume.
Ezequiel foi fruto da oitava tentativa de Marta Maria Pretto de engravidar. Quinze anos depois, com a morte do marido, o garoto virou a família de Marta. Mais três anos se passaram e o filho, de 28 anos, se foi, lançado contra a traseira de um caminhão.
— Eu sinto o cheiro dele. Tem vezes que é mais forte. Acho que depende de mim, de como estou — confidencia a mãe.
Quando a garganta da costureira Maria de Lourdes Webber Raupp, 59 anos, engasga, ela solta um berro, para dor da vizinhança. Dia desses, na pequena Dom Pedro de Alcântara, no Litoral Norte, gritou de saudade das traquinagens de Gabriel, 22 anos. O som, estridente, ecoou a ponto de despertar solidariedade. Ela recusou e explicou:
— Deixa eu gritar. Preciso aliviar o peito.
Na casa de Odete da Luz, 53 anos, e do marido, Edemar Rossetto, 57 anos, no município de Novo Barreiro, até a extensão do telefone é mantida no quarto de Everton, morto aos 29 anos, cuja despedida paralisou a vida do casal, há nove meses, até na arrumação da casa.
— Ele dizia que a cortina da sala incomodava. Sempre a prendia em um vaso de flores. Foi o que fez pela última vez antes de sair na tarde do acidente. Desde então, não consegui mais soltar a cortina — conta a mãe.
Os jovens tombados nessa guerra urbana deixam planos incompletos. Mariana ainda cultivava desejos infantis, aos 11 anos, quando partiu, forçando Nara e Clóvis Rodrigues a zelar por ursos de pelúcia, Barbies, roupas e sapatos da menina, intocados desde a ausência da filha única.
As histórias se cruzam e se repetem. Pais e mães carregam consigo objetos de valor inestimável. Noeli usa a corrente e o crucifixo de Willian, e o pai, um anel do garoto. Lisette adotou a gargantilha preta com pingente dourado em forma de coração, mimo de Alessandra. Eliane não desgruda da aliança que Luanda usava no dia da partida.
A dor das famílias amplia a sensação de impotência. Sonham em mudar o cenário dessa guerra que leva para o túmulo jovens que não se alistaram. No especial, as imagens retratam sete histórias paradas no tempo.
Kamila Almeida | kamila.almeida@zerohora.com.br
A cada cinco horas, uma família é dilacerada pela notícia da morte brutal em acidentes no trânsito gaúcho. Histórias particulares se condensam em estatísticas, como as 1.405 vidas ceifadas de janeiro a outubro deste ano, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Do total, 359 não chegaram aos 30 anos de idade — e 259 ficaram entre os 18 e 24 anos. Atordoados diante da lógica invertida, casais que perderam filhos eternizam a última lembrança de seus tesouros: o quarto.
O colorido impregnado no dormitório juvenil contrasta com o caminho acinzentado que os pais passaram a percorrer. As flores, a luz da vela e os adornos típicos de quem, aos 18 anos, ainda tateava no mundo adulto são os itens visíveis do quarto de Alessandra Andreolla Feijó, filha do empresário e vice-governador Paulo Afonso Feijó, 52 anos, e da professora de educação física Lisette, 49 anos.
— Nos primeiros seis meses eu dormia aqui, vez por outra. A sensação é de que, no quarto, estamos mais perto. Era o cantinho dela — conta Lisette.
Luanda Patrícia, filha dos empresários Eliane, 37 anos, e Roque Redante, 43 anos, de Guaporé, também tinha 18 anos quando partiu. O dormitório rosado ficou intacto. Num bloco, Luanda deixou rabiscados 45 desejos que ela calculava alcançar antes dos 35 anos. Cumpriu, pelas suas anotações, apenas três: "dançar em cima de um palco loucamente", "dormir com a roupa que saiu" e "viajar com as amigas".
Em Flores da Cunha, a empresária Noeli Agostinetto, 38 anos, mãe de Willian, 19 anos, quis fazer diferente. Logo após a morte do adolescente, tentou se desfazer de tudo, mas já na primeira doação, o coração apertou. Ela e o marido, Cladecir, 44 anos, acabaram vencidos, e as recordações de azul até hoje predominam nos 11 metros quadrados do cômodo incólume.
Ezequiel foi fruto da oitava tentativa de Marta Maria Pretto de engravidar. Quinze anos depois, com a morte do marido, o garoto virou a família de Marta. Mais três anos se passaram e o filho, de 28 anos, se foi, lançado contra a traseira de um caminhão.
— Eu sinto o cheiro dele. Tem vezes que é mais forte. Acho que depende de mim, de como estou — confidencia a mãe.
Quando a garganta da costureira Maria de Lourdes Webber Raupp, 59 anos, engasga, ela solta um berro, para dor da vizinhança. Dia desses, na pequena Dom Pedro de Alcântara, no Litoral Norte, gritou de saudade das traquinagens de Gabriel, 22 anos. O som, estridente, ecoou a ponto de despertar solidariedade. Ela recusou e explicou:
— Deixa eu gritar. Preciso aliviar o peito.
Na casa de Odete da Luz, 53 anos, e do marido, Edemar Rossetto, 57 anos, no município de Novo Barreiro, até a extensão do telefone é mantida no quarto de Everton, morto aos 29 anos, cuja despedida paralisou a vida do casal, há nove meses, até na arrumação da casa.
— Ele dizia que a cortina da sala incomodava. Sempre a prendia em um vaso de flores. Foi o que fez pela última vez antes de sair na tarde do acidente. Desde então, não consegui mais soltar a cortina — conta a mãe.
Os jovens tombados nessa guerra urbana deixam planos incompletos. Mariana ainda cultivava desejos infantis, aos 11 anos, quando partiu, forçando Nara e Clóvis Rodrigues a zelar por ursos de pelúcia, Barbies, roupas e sapatos da menina, intocados desde a ausência da filha única.
As histórias se cruzam e se repetem. Pais e mães carregam consigo objetos de valor inestimável. Noeli usa a corrente e o crucifixo de Willian, e o pai, um anel do garoto. Lisette adotou a gargantilha preta com pingente dourado em forma de coração, mimo de Alessandra. Eliane não desgruda da aliança que Luanda usava no dia da partida.
A dor das famílias amplia a sensação de impotência. Sonham em mudar o cenário dessa guerra que leva para o túmulo jovens que não se alistaram. No especial, as imagens retratam sete histórias paradas no tempo.
Trânsito: número de mortes já alcança o mesmo de todo ano passado
A violência no trânsito gaúcho deixou pelo menos 1.479 mortos desde o início do ano. O número é o mesmo que o registrado no ano passado inteiro, conforme levantamento de zerohora.com e Rádio Gaúcha, com informações do Detran (veja abaixo).
Relembre os acidentes mais graves no trânsito gaúcho a cada mês:
Janeiro
- Mãe e duas filhas morrem em queda de carro em arroio em Sapiranga
- Colisão de três caminhões mata quatro pessoas no Vale do Taquari
Fevereiro
- Carro bate em carreta e três pessoas morrem em Ciríaco
- Caminhão passa por cima de cinco veículos e mata quatro pessoas em Estação
- Veículo cai em banhado e três pessoas morrem em Venâncio Aires
Março
- Acidente deixa três mortos e duas crianças feridas em Teutônia
- Acidente em Carlos Barbosa mata três pessoas da mesma família
- Colisão entre caminhonete e carro deixa cinco mortos em Canoas
Abril
- Carro pega fogo e três vítimas morreram carbonizadas em São José das Missões
- Passageira, duas crianças e motorista de táxi morrem em acidente em Butiá
- Acidente deixa três mortos na Rota do Sol em São Francisco de Paula
- Colisão entre carreta e carro mata três pessoas no norte do Estado
Maio
- Colisão mata quatro pessoas em Canguçu
- Acidente entre carro e caminhão mata três idosas em Santo Ângelo
- Acidente deixa três mortos e três feridos em Três de Maio
- Identificados os três jovens que morreram durante acidente em Picada Café
Junho
- Acidente mata três jovens em São José do Norte
- Acidente em São Vicente do Sul mata pai e dois filhos
- Em dia com cinco acidentes, família é destruída em rodovia gaúcha
Julho
- Três pessoas morrem em acidente em Santa Maria
- Acidente mata quatro pessoas da mesma família em Osório
- Três pessoas morrem em colisão entre Uno e Gol, em Canguçu
Agosto
- Grávida morre após acidente em Casca
- Pedestre atropelado por ônibus em Porto Alegre é o milésimo morto no trânsito no RS
- Carro bate em poste, capota e motorista morre na Avenida Manoel Elias, em Porto Alegre
- Três pessoas morrem em acidente na ERS-265, em Canguçu
- Acidente em rodovia causa sete mortes em Canguçu
Setembro:
- Acidente deixa um morto e sete feridos em Campestre da Serra
- Criança e adolescente morrem carbonizadas em acidente em Canoas
- Motorista morre ao bater carro contra poste na Capital
- Carro colide contra poste e dois jovens morrem na Capital
Outubro:
- Empresário morre após colisão e explosão de carro na Capital
- Acidente deixa quatro mortos na BR-472 em Uruguaiana
Novembro:
- Três pessoas morrem em acidente de trânsito em Lavras do Sul
- Acidente entre ônibus, caminhão e oito carros deixa dois mortos em Carlos Barbosa
- Acidente na Capital deixa um morto
ZEROHORA.COM E RÁDIO GAÚCHA
Relembre os acidentes mais graves no trânsito gaúcho a cada mês:
Janeiro
- Mãe e duas filhas morrem em queda de carro em arroio em Sapiranga
- Colisão de três caminhões mata quatro pessoas no Vale do Taquari
Fevereiro
- Carro bate em carreta e três pessoas morrem em Ciríaco
- Caminhão passa por cima de cinco veículos e mata quatro pessoas em Estação
- Veículo cai em banhado e três pessoas morrem em Venâncio Aires
Março
- Acidente deixa três mortos e duas crianças feridas em Teutônia
- Acidente em Carlos Barbosa mata três pessoas da mesma família
- Colisão entre caminhonete e carro deixa cinco mortos em Canoas
Abril
- Carro pega fogo e três vítimas morreram carbonizadas em São José das Missões
- Passageira, duas crianças e motorista de táxi morrem em acidente em Butiá
- Acidente deixa três mortos na Rota do Sol em São Francisco de Paula
- Colisão entre carreta e carro mata três pessoas no norte do Estado
Maio
- Colisão mata quatro pessoas em Canguçu
- Acidente entre carro e caminhão mata três idosas em Santo Ângelo
- Acidente deixa três mortos e três feridos em Três de Maio
- Identificados os três jovens que morreram durante acidente em Picada Café
Junho
- Acidente mata três jovens em São José do Norte
- Acidente em São Vicente do Sul mata pai e dois filhos
- Em dia com cinco acidentes, família é destruída em rodovia gaúcha
Julho
- Três pessoas morrem em acidente em Santa Maria
- Acidente mata quatro pessoas da mesma família em Osório
- Três pessoas morrem em colisão entre Uno e Gol, em Canguçu
Agosto
- Grávida morre após acidente em Casca
- Pedestre atropelado por ônibus em Porto Alegre é o milésimo morto no trânsito no RS
- Carro bate em poste, capota e motorista morre na Avenida Manoel Elias, em Porto Alegre
- Três pessoas morrem em acidente na ERS-265, em Canguçu
- Acidente em rodovia causa sete mortes em Canguçu
Setembro:
- Acidente deixa um morto e sete feridos em Campestre da Serra
- Criança e adolescente morrem carbonizadas em acidente em Canoas
- Motorista morre ao bater carro contra poste na Capital
- Carro colide contra poste e dois jovens morrem na Capital
Outubro:
- Empresário morre após colisão e explosão de carro na Capital
- Acidente deixa quatro mortos na BR-472 em Uruguaiana
Novembro:
- Três pessoas morrem em acidente de trânsito em Lavras do Sul
- Acidente entre ônibus, caminhão e oito carros deixa dois mortos em Carlos Barbosa
- Acidente na Capital deixa um morto
ZEROHORA.COM E RÁDIO GAÚCHA
domingo, novembro 21, 2010
Campanha de trânsito pela vida - IV
A pequena grande diferença que salva vidas
Gesto para atravessar faixas de segurança caminha para desuso
Prestes a completar um ano em Porto Alegre, gesto que ajuda pedestres a atravessar ruas é cada vez menos visto
Juliana Bublitz | juliana.bublitz@zerohora.com.br
A menos de um mês do aniversário de um ano do novo sinal de trânsito de Porto Alegre – a mão estendida –, o desrespeito continua imperando nas ruas e avenidas da cidade. Ao observar o comportamento de motoristas e pedestres em cinco pontos de grande movimento da Capital, onde se situam faixas de segurança sem sinaleira, Zero Hora constatou a ausência do gesto incentivado pela prefeitura para pedir passagem e verificou que poucos condutores deram preferência àqueles que pretendiam atravessar a rua.
Diante do Colégio Militar, no horário de saída dos alunos, a faixa não foi respeitada. As cenas de descaso repetiram-se em vias conhecidas pelo tráfego intenso, como as avenidas Borges de Medeiros, Aureliano Figueiredo Pinto e Erico Verissimo. Em todas elas, motoristas foram flagrados acelerando sobre a faixa, assim como pedestres atravessando fora dela – uma situação muito parecida com a que já havia sido registrada por ZH no início do ano.
Também não foram raros os casos de veículos freando em cima de populares ou parando sobre a faixa de supetão, inclusive ao lado da sede da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), na Avenida Erico Verissimo. Ali, como nos outros quatro locais visitados, não havia fiscais para coibir as infrações.
Além da ausência de agentes, surpreendeu o fato de que, apesar de todos reconhecerem a existência do sinal da mão, em nenhum momento o ato foi usado para pedir passagem. Em alguns casos, a frustração foi visível.
– Não acredito mais. Quase nunca funciona – afirmou Filipe Franco, 14 anos, aluno do Colégio Militar.
Diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari lamentou as reações captadas por ZH e disse que o órgão pretende intensificar as ações educativas, voltadas principalmente a escolas, a fim de reverter a situação.
– A EPTC, sozinha, não vai conseguir mudar os hábitos das pessoas. Precisamos que toda a sociedade abrace a causa e faça a sua parte – ressaltou Cappellari.
Juliana Bublitz | juliana.bublitz@zerohora.com.br
A menos de um mês do aniversário de um ano do novo sinal de trânsito de Porto Alegre – a mão estendida –, o desrespeito continua imperando nas ruas e avenidas da cidade. Ao observar o comportamento de motoristas e pedestres em cinco pontos de grande movimento da Capital, onde se situam faixas de segurança sem sinaleira, Zero Hora constatou a ausência do gesto incentivado pela prefeitura para pedir passagem e verificou que poucos condutores deram preferência àqueles que pretendiam atravessar a rua.
Diante do Colégio Militar, no horário de saída dos alunos, a faixa não foi respeitada. As cenas de descaso repetiram-se em vias conhecidas pelo tráfego intenso, como as avenidas Borges de Medeiros, Aureliano Figueiredo Pinto e Erico Verissimo. Em todas elas, motoristas foram flagrados acelerando sobre a faixa, assim como pedestres atravessando fora dela – uma situação muito parecida com a que já havia sido registrada por ZH no início do ano.
Também não foram raros os casos de veículos freando em cima de populares ou parando sobre a faixa de supetão, inclusive ao lado da sede da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), na Avenida Erico Verissimo. Ali, como nos outros quatro locais visitados, não havia fiscais para coibir as infrações.
Além da ausência de agentes, surpreendeu o fato de que, apesar de todos reconhecerem a existência do sinal da mão, em nenhum momento o ato foi usado para pedir passagem. Em alguns casos, a frustração foi visível.
– Não acredito mais. Quase nunca funciona – afirmou Filipe Franco, 14 anos, aluno do Colégio Militar.
Diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari lamentou as reações captadas por ZH e disse que o órgão pretende intensificar as ações educativas, voltadas principalmente a escolas, a fim de reverter a situação.
– A EPTC, sozinha, não vai conseguir mudar os hábitos das pessoas. Precisamos que toda a sociedade abrace a causa e faça a sua parte – ressaltou Cappellari.
sexta-feira, novembro 19, 2010
Causas dos acidentes de trânsito
Campanha de transito pela vida - III
Campanha de Trânsito pela Vida - II
Distração na direção é perigoso
Decisão do STJ enfraquece a Lei Seca
Decisão inédita do Superior Tribunal de Justiça (STJ) enfraquece o rigor da Lei Federal nº 11.705/08,mais conhecida como LEI SECA, e favorece o motorista que dirige alcoolizado e se recusa a fazer o teste do bafômetro. Por unanimidade, a sexta turma decidiu que, sem o teste do bafômetro ou o exame de sangue, o condutor flagrado sob efeito de álcool não pode ser processado criminalmente, ficando sujeito apenas às punições administrativas.
A decisão do STJ foi tomada no julgamento do Habeas Corpus nº 166.377, que pedia a extinção da ação penal contra um motorista paulista. Segundo a acusação, o homem dirigia seu veículo na contramão, quando foi abordado pela polícia: "Os policiais militares que o abordaram constataram o visível estado de embriaguez alcoólica do denunciado, que se recusou a se submeter a qualquer exame de alcoolemia, inclusive o bafômetro".
A defesa do motorista alegou a inexistência de provas, uma vez que o acusado foi submetido só a exame clínico, "o qual não é apto para constatar a concentração de álcool por litro de sangue".
O ministro Og Fernandes, relator do processo, entendeu que, antes da Lei nº 11.705/08, bastava que o condutor sob efeito de álcool expusesse a dano potencial a incolumidade de outrem. Mas, quando a LEI SECA entrou em vigor, estabeleceu o nível de alcoolemia, excluiu a necessidade de exposição de dano e delimitou a comprovação com o Decreto nº 6.488/08.
Em seu voto, o ministro Og Fernandes escreveu que "para comprovar a embriaguez, objetivamente
delimitada pelo artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, é indispensável a prova técnica
consubstanciada no teste do bafômetro ou exame de sangue".
Com base nesses argumentos, os magistrados decidiram pela extinção da ação penal. O julgamento foi presido pela ministra Maria Thereza de Assis Moura e participaram os ministros Celso Limongi, Haroldo Rodrigues. Todos votaram com o relator.
_
Divergência:
Um caso exatamente igual foi julgado pela Quinta Turma do STJ, mas a decisão foi bem diferente. O relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, negou o pedido de extinção da ação contra um condutor flagrado alcoolizado. O homem, também de São Paulo, se recusou a fazer o teste do bafômetro e o exame de sangue. No caso, o magistrado considerou suficiente o auto de constatação de embriaguez feito pela polícia no ato de flagrante.
Em seu voto, o ministro Napoleão Nunes Maia Filho escreveu que "há prova exuberante da materialidade do crime, cuja autoria não se discute e, a vingar a tese da defesa do ilustre impetrante, ninguém poderia ser processado por infração ao artigo 306 do Código de Trânsito, de maneira que seria melhor rasgar de vez a denominada LEI SECA, esquecer que o Brasil precisa progredir e integrar o chamado primeiro mundo a imitar o modus vivendi do romântico Far West norte-americano".
_
Presidente da Comissão de Direitos de Trânsito da Ordem dos Advogados de São Paulo, Cyro Vidal
avalia que, se decisões como a da Sexta Turma do STJ forem frequentes, em breve haverá uma súmula e, neste caso, a LEI SECA perderá definitivamente sua força para punir de forma rigorosa quem comete o crime de dirigir alcoolizado. "A virtude está no meio: não pode ser lá nem cá. Em caso de notória embriaguez, ainda que sem exame técnico, o infrator deve responder pelo crime", opinou. Vidal catalogou 198 sentenças de diferentes estados absolvendo ou tirando da cadeia condutores que se envolveram em acidentes de trânsito fatal e que estavam alcoolizados.
-
A LEI SECA fixa que qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às
penalidades administrativas. A aferição será feita por meio de teste em etilômetro. Para fins criminais será necessário o exame do sangue.
A decisão do STJ foi tomada no julgamento do Habeas Corpus nº 166.377, que pedia a extinção da ação penal contra um motorista paulista. Segundo a acusação, o homem dirigia seu veículo na contramão, quando foi abordado pela polícia: "Os policiais militares que o abordaram constataram o visível estado de embriaguez alcoólica do denunciado, que se recusou a se submeter a qualquer exame de alcoolemia, inclusive o bafômetro".
A defesa do motorista alegou a inexistência de provas, uma vez que o acusado foi submetido só a exame clínico, "o qual não é apto para constatar a concentração de álcool por litro de sangue".
O ministro Og Fernandes, relator do processo, entendeu que, antes da Lei nº 11.705/08, bastava que o condutor sob efeito de álcool expusesse a dano potencial a incolumidade de outrem. Mas, quando a LEI SECA entrou em vigor, estabeleceu o nível de alcoolemia, excluiu a necessidade de exposição de dano e delimitou a comprovação com o Decreto nº 6.488/08.
Em seu voto, o ministro Og Fernandes escreveu que "para comprovar a embriaguez, objetivamente
delimitada pelo artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, é indispensável a prova técnica
consubstanciada no teste do bafômetro ou exame de sangue".
Com base nesses argumentos, os magistrados decidiram pela extinção da ação penal. O julgamento foi presido pela ministra Maria Thereza de Assis Moura e participaram os ministros Celso Limongi, Haroldo Rodrigues. Todos votaram com o relator.
_
Divergência:
Um caso exatamente igual foi julgado pela Quinta Turma do STJ, mas a decisão foi bem diferente. O relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, negou o pedido de extinção da ação contra um condutor flagrado alcoolizado. O homem, também de São Paulo, se recusou a fazer o teste do bafômetro e o exame de sangue. No caso, o magistrado considerou suficiente o auto de constatação de embriaguez feito pela polícia no ato de flagrante.
Em seu voto, o ministro Napoleão Nunes Maia Filho escreveu que "há prova exuberante da materialidade do crime, cuja autoria não se discute e, a vingar a tese da defesa do ilustre impetrante, ninguém poderia ser processado por infração ao artigo 306 do Código de Trânsito, de maneira que seria melhor rasgar de vez a denominada LEI SECA, esquecer que o Brasil precisa progredir e integrar o chamado primeiro mundo a imitar o modus vivendi do romântico Far West norte-americano".
_
Presidente da Comissão de Direitos de Trânsito da Ordem dos Advogados de São Paulo, Cyro Vidal
avalia que, se decisões como a da Sexta Turma do STJ forem frequentes, em breve haverá uma súmula e, neste caso, a LEI SECA perderá definitivamente sua força para punir de forma rigorosa quem comete o crime de dirigir alcoolizado. "A virtude está no meio: não pode ser lá nem cá. Em caso de notória embriaguez, ainda que sem exame técnico, o infrator deve responder pelo crime", opinou. Vidal catalogou 198 sentenças de diferentes estados absolvendo ou tirando da cadeia condutores que se envolveram em acidentes de trânsito fatal e que estavam alcoolizados.
-
A LEI SECA fixa que qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às
penalidades administrativas. A aferição será feita por meio de teste em etilômetro. Para fins criminais será necessário o exame do sangue.
Campanha Australiana
O Filme que todos temos que assistir !!
Uma das maiores empresas de marketing do mundo, resolveu passar uma mensagem para todos, através de um vídeo criado pela TAC (Transport Accident Commission) e que teve um efeito drastico na Inglaterra.
Depois desta mensagem 40% da população inglesa deixou de usar drogas e de se alcoolizar, pelo menos nas datas comemorativas. Lamentavelmente não temos este tipo de iniciativa aqui no Brasil. Espero que todos assistam, mesmo que não se alcoolizem ou usem algum tipo de drogas, e que reflitam e passem para os seus contatos. Orientem seus filhos, sobrinhos, amigos etc...
Uma das maiores empresas de marketing do mundo, resolveu passar uma mensagem para todos, através de um vídeo criado pela TAC (Transport Accident Commission) e que teve um efeito drastico na Inglaterra.
Depois desta mensagem 40% da população inglesa deixou de usar drogas e de se alcoolizar, pelo menos nas datas comemorativas. Lamentavelmente não temos este tipo de iniciativa aqui no Brasil. Espero que todos assistam, mesmo que não se alcoolizem ou usem algum tipo de drogas, e que reflitam e passem para os seus contatos. Orientem seus filhos, sobrinhos, amigos etc...
Marcadores:
álcool na direção,
drogas ao volante
Assinar:
Postagens (Atom)